quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Cientistas revelam planeta 'parecido com Terra' orbitando estrela vizinha

O Próxima B tem características que propiciam existência de água, diz pesquisa
Ilustração representa a superfície hipotética do planeta Próxima B - ESO/M. Kornmesser

RIO - Astrônomos revelaram nesta quarta-feira uma descoberta que vinha gerando rumores há meses no meio científico. E não por menos. A equipe formada por dezenas de pesquisadores identificou um planeta pequeno e provavelmente rochoso orbitando a estrela Próxima Centauri, situada no sistema planetário de Alpha Centauri, que é vizinho do nosso Sistema Solar na Via Láctea.

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Encontrar planetas com características parecidas com as da Terra é algo extremamente raro e comemorado por cientistas que se dedicam à busca de condições de vida fora do nosso mundo. No estudo sobre a descoberta, publicado na revista "Nature", os seus autores explicam que o planeta, batizado de Próxima b, tem massa apenas 30% maior que a da Terra e que as condições de temperatura lá, teoricamente, permitem a existência de água em estado líquido na sua superfície.

Além disso, a maioria dos planetas extrassolares descobertos até hoje estão a milhares de anos luz da Terra. Mas a Próxima Centauri é uma estrela-anã que fica a "meros" quatro anos-luz de distância do nosso Sistema Solar (ou seja, uma viagem até lá, na velocidade da luz, levaria quatro anos). Trata-se da estrela mais próxima do Sol. A "vizinhança" com o Próxima b enche de esperanças os astrônomos, que agora pretendem analisar exaustivamente o "novo mundo" para saber se o planeta tem uma atmosfera e se de fato existe água em estado líquido na sua superfície.

Professor da Universidade de Londres, no Reino Unido, o astrônomo Guillem Anglada-Escudé e dezenas de colegas encontraram o Próxima b depois de analisar dados coletados por dois telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) entre 2000 e 2014 e por meio de uma série de observações de janeiro a março deste ano. Para tanto, eles se basearam no efeito Doppler, o que torna possível identificar minúsculos movimentos de uma estrela resultantes da força gravitacional de um planeta que a orbita.

Segundo os pesquisadores, as observações sugerem a presença de um planeta quente e de massa parecida com a da Terra, que orbita a estrela Próxima Centauri a cada 11,2 dias, a uma distância de 7,5 milhões de quilômetros, o que representa apenas 5% da distância entre a Terra e o Sol. O período orbital leva a crer que o planeta está numa zona em que a temperatura de sua superfície poderia, em tese, comportar água em estado líquido. Mas esta suposição ainda precisa ser investigada.

Um dos senões para se acreditar na possibilidade de vida como conhecemos no Próxima b é justamente a sua distância da Proxima Centauri. A proximidade da estrela significa que o planeta sofre com uma influência muito mais intensa de raios-X do que a observada na Terra. Não se sabe, por exemplo, se o mundo revelado nesta quarta-feira tem, assim como o "planeta azul", um campo magnético para protegê-lo dessa radiação.

Por outro lado, como a Próxima Centauri é uma estrela de menos intensidade que o Sol, presume-se que, mesmo com a pouca distância entre astro e planeta, a temperatura no Próxima b pode não ser extrema. Para desvendar tudo isso, e muito mais, a equipe de astrônomos acredita que, nos próximos séculos, a exploração de Próxima b com robôs pode se tornar possível.

"A Próxima Centauri vai existir por muitas centenas ou até milhares de vezes mais do que o Sol. Qualquer forma de vida no planeta pode ainda estar se desenvolvendo muito depois de nosso Sol morrer", escreve o especialista Artie Hatzes, num artigo que acompanha o texto sobre a descoberta.
Ilustração mostra o Próxima b com a estrela Próxima Centauri e as menores Alpha Centauri A e Alpha Centauri B - ESO/M. Kornmesser

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