quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

‘Unidade da Oposição’ respira por aparelhos. A rachadura no bloco de oposição só tende a aumentar


Se fosse fazer uma aposta, diria que o sorrateiro ex-prefeito de Cruzeiro do Sul Vagner Sales jamais irá romper formalmente com o senador Gladson Cameli.

A crise foi deflagrada pelo áudio comprometedor de Márcio Bittar (PMDB), em que ele revela estratégias da oposição, e a intenção de Gladson (PP) de renunciar no último ano de mandato de governador, caso eleito, para concorrer novamente ao senado.

Major Rocha (PSDB) exige a retirada da candidatura de Bittar ao senado. Contra ele, há a força de Vagner Sales e do próprio PMDB. Rocha agora promete unir outros partidos do bloco de oposição, PSD-PR-PMN contra a candidatura de Bittar. E manda recado nas colunas políticas: se Bittar for candidato ao senado, irá fazer campanha contra em todos municípios.

A posição de Vagner é ainda mais nebulosa. Ainda que o mesmo mande avisar que é ‘Gladson desde criancinha’, o fato é que ele pegou uma rasteira do próprio Gladson em Cruzeiro do Sul, e pode ter dificuldades em reeleger a filha Jessica, com o apoio de Gladson às pretensões de Ilderlei em emplacar o tio, Rudilei Estrela (PP). Sua eleição significaria para Gladson, o fortalecimento do PP em sua principal base, Cruzeiro do Sul e um maior grau de autonomia em relação à Vagner, de quem hoje depende totalmente no Juruá.

Algumas colunas chegam a dar como certo o apoio de Vagner a Marcus Alexandre no Juruá. É exagero. Mas o boato é semeado por gente próxima a Sales. Ou seja, é intencional. Um forma de manter Gladson como refém.

Se fosse fazer uma aposta, diria que o sorrateiro Vagner Sales jamais irá romper formalmente com Gladson. Irá limá-lo por dentro do bloco, investindo seus esforços para garantir a eleição da filha.
DEM: Ulysses & Bocalom X Alan Rick

Há a situação ainda indefinida do DEM dentro do bloco de oposição. Bocalom anunciou a saída do seu partido para apoiar o Cel. Ulysses. Alan Rick, contudo, já anunciou que terá em breve o controle do partido e irá impor sua própria candidatura à vice na chapa de Gladson. Resta saber coo irão reagir Bocalom e o próprio Ulysses a partir disso. Pode ser o racha do racha.

Ou seja, é muito pouco dizer que a tal ‘unidade da oposição’ está fragilizada, ela na verdade hoje, respira por aparelhos.

O maior responsável, contudo, é o próprio Gladson Cameli que já criou a marca pessoal de que promete mais do que aquilo que pode cumprir. Ele literalmente prometeu o mesmo cargo há mais de uma pessoa, na tentativa de com isso, obter apoios múltiplos. Mas o fato é que partidos e pessoas no bloco de oposição não confiam mais em sua palavra e partem para a disputa corpo a corpo para ‘garantir o seu’.

O que tem provocado tanta instabilidade no campo da oposição? Essa pergunta já vem sendo feita por muitos eleitores acreanos. Não interessa para a sociedade o discurso simplista repetido por Gladson Cameli de que é preciso haver alternância de poder. A possibilidade dela, da alternância, é própria do regime democrático. Como também o é a continuidade de governos de um mesmo partido, ou coligação, que esteja dando as respostas reclamadas pelo povo.

Então, a despeito de possíveis equívocos verificados nos governos da Frente Popular, o que fica claro é que os oposicionistas não pretendem o poder com objetivo de exercê-lo em favor dos acreanos. O processo autofágico por que passam os partidos que fazem oposição ao governo do PT, deixa claro que esse campo contrário a continuidade dos governos petistas nada mais é do que um simples arquipélago de projetos pessoais pouco republicanos.


Por Leandro Altheman

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