segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A guerra das pesquisas para o Governo do Acre


A verdade é que as pesquisas eleitorais se tornaram instrumentos de marketing político. Existem institutos com “ligações” tanto com partidos governistas quanto oposicionistas. Assim fica difícil saber em quais dos números o eleitor pode confiar. A bem da verdade quem vota baseado em pesquisa, ao contrário do senso comum de não perder o voto, está definitivamente perdendo o seu voto. É importante que cada um se manifeste livremente de acordo com o que pensa. Só assim é possível se ter uma radiografia social dos anseios da sociedade. Seja quem for o eleito governador do Acre é importante que haja uma oposição forte para fiscalizar e manter o antagonismo essencial para o bom funcionamento da democracia. Nessas eleições, além das pesquisas registradas no TRE, vi muitas outras domésticas feitas para orientação interna das coligações. Definitivamente os números não batem entre si. Apenas revelam aquilo que qualquer acreano já sabe, que há uma polarização evidente entre os candidatos Gladson Cameli (PP) e Marcus Alexandre (PT). O Coronel Ulysses (PSL) luta para firmar uma terceira via na disputa e os candidatos David Hall (Avante) e Janaína Furtado (Rede) marcam espaços ideológicos. Mas a luta pela liderança será apresentada a cada nova pesquisa sempre com resultados “duvidosos” a despertar a desconfiança de quem fica em segundo. Seria importante que algum veículo de comunicação acreano contratasse pela primeira vez na história eleitoral do Estado o DataFolha para uma pesquisa imparcial. Afinal, desde que faço coberturas jornalísticas de eleições, tem sido o Instituto a acertar mais os resultados finais nos pleitos em todos os estados brasileiros e também para a presidência da República. Se isso não acontecer continuaremos sempre assistindo um desfile de números e duvidando de cada um deles.

Sabatinas antecedem debates
Participei como entrevistador das sabatinas doAC24horas com os cinco candidatos que disputam o Governo do Acre. Quem assistir as entrevistas poderá ter uma noção de como serão os debates televisivos diretos entre os candidatos. Pontos fortes e frágeis de cada um deles foram revelados nas sabatinas e o eleitor teve uma ideia das suas opções para o Governo. Um serviço à democracia.  

Análise rápida
Coronel Ulysses vinculou a sua imagem ao presidenciável Bolsonaro (PSL), mas mostrou alguns pontos divergentes. O seu programa de Governo tem muitos pontos ideológicos relacionados à disciplina militar. Tanto na questão da segurança quanto na educação. Ele quer construir colégios militares e mudar o estilo de ensino do Estado.

Análise rápida 2
Marcus Alexandre (PT) tentou mostrar que mesmo fazendo parte de um grupo político que Governa o Acre há 20 anos fará uma gestão diferente. Pretende abrir o Estado para o Agronegócio e se baseou nas experiências em educação da sua administração como prefeito de Rio Branco. Se colocou como a “mudança” feita de dentro pra fora do projeto da FPA. Marcus quer “arejá-lo” com novas experiências.

Análise rápida 3
David Hall é um jovem professor de filosofia que defende preceitos humanistas tanto para a segurança quanto para a educação. Tentou se colocar como uma opção de renovação radical entre a sequência de governos do PT e, anteriormente, do antigo MDB, que também teve um longo tempo no poder.

Análise rápida 4
Janaína Furtado, com sua vida política construída em Tarauacá, no interior, defendeu a tese do municipalismo. Estabelecer parcerias mais fortes e produtivas entre o Governo e as prefeituras. Levantou ainda as bandeiras da sustentabilidade na produção e geração de empregos. 

Análise rápida 5
Gladson Cameli se colocou como um instrumento de mudança do atual modelo de Governo do Estado. Defendeu o agronegócio como a sua principal bandeira de desenvolvimento econômico do Estado. Na educação propõe criar algumas escolas de tempo integral e na segurança dar um “choque de gestão”. Quis mostrar que está preparado para administrar o Estado.

Plebiscito
Na verdade, com a polarização entre os candidatos do PT e da principal coligação de oposição, assistiremos uma eleição plebiscitária. Os eleitores farão, na minha opinião, um julgamento das gestões que se sucederam da FPA. Votarão de acordo com o grau de satisfação social que se encontram no momento. Talvez até muito mais do que observando as qualidades e os defeitos dos candidatos.

O jogo da democracia
Mas uma coisa é certa, nem um dos candidatos que concorrem ao Governo do Acre, terminarão suas carreiras políticas nessas eleições. Todos são jovens e terão ainda muito tempo para continuarem o debate com a população das suas ideias. Nesse sentido avalio como positiva a safra de candidatos. Quem perder irá para a oposição e a vida democrática continuará num eterno jogo antagônico das diferenças.

Torcidas
Um outro ponto a se destacar é a militância popular em torno dos candidatos. Infelizmente as eleições se tornaram muito parecidas com torcidas de equipes de futebol. Isso transcende o debate de ideias. São os poucos que conseguem ver os defeitos dos seus times de coração. No calor da partida balançam a bandeira e xingam os adversários. Isso também faz parte da democracia.

Questão de emprego
Como o Acre ainda depende sobremaneira de empregos públicos para tocar a sua economia qualquer eleição para o Governo vira uma “guerra”. Aqueles que estão nos seus cargos não querem sair, enquanto os que estão de fora querem entrar. Assim para muitos a disputa eleitoral se torna uma questão de sobrevivência. Então assistiremos nos próximos dias o recrudescimento dessa batalha diária das militâncias dos candidatos. Ninguém espere coerência e bom senso porque no campo de batalha muitos estão para matar ou morrer pelos seus candidatos.

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