quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Bittar cobra fidelidade de aliados, mas abandona presidenciável de Temer e do MDB no Acre


Se há no Acre um político que por mais vezes passou por uma metamorfose partidária e ideológica, este é o atual e ainda emedebista Márcio Bittar. A eleição de 2018 é mais um retrato da dança de cadeira pragmática do candidato ao Senado.

De olho na onda de popularidade do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e seu discurso reacionário de combate à violência, Bittar decidiu dar as costas ao presidenciável do próprio partido, o ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer (MDB), Henrique Meirelles, que ocupa as últimas posições nas pesquisas.

Márcio Bittar fez a cúpula do chapão da oposição redigir nota conjunta dos 11 partidos cobrando fidelidade de seus membros. O emedebista não está nada satisfeito com o apoio dado por prefeitos oposicionistas ao candidato petista ao Senado Ney Amorim. Na prática, porém, o comportamento é outro.

Em vídeo publicado em sua página oficial no Facebook, Márcio Bittar fez declaração pública de que seu candidato ao Palácio do Planalto não é nem Geraldo Alckmin (PSDB) – o oficial adotado pelo governadorável Gladson Cameli (PP) – e tampouco Henrique Meirelles (MDB).

Ele, que estava filiado ao PSDB até o ano passado, afirma compactuar com os mesmos ideais de Bolsonaro. “Um presidente de mãos limpas, para reestabelecer a moral e a ordem em nossa pátria. Por tudo isso, comungando com os mesmos ideais, voto em Jair Messias Bolsonaro”, disse o candidato do MDB.

Mesmo tendo a esposa Marcia Bittar filiada ao Solidariedade e o filho João Paulo Bittar ainda filiado no PSDB, Bittar cobra fidelidade dos supostos “aliados”.

Até a operação Lava Jato fisgar o senador tucano Aécio Neves (MG) como um dos principais beneficiários do esquema de corrupção entre empreiteiras, grandes empresas nacionais e o poder público em Brasília, Bittar apresentava-o como um político que seria a redenção do Brasil.

Em 2002, disputou e perdeu o Senado pelo PPS – versão atual do extinto Partido Comunista Brasileiro, o partidão. Convertido à ideologia da direita, adotou até mesmo o discurso radical de Jair Bolsonaro. “Chega de passar a mão em cabeça de bandido. Vamos valorizar nossas forças policiais. Lugar de bandido é na cadeia”, disse ele.

O candidato ao Senado defende, ainda, o fim das audiências de custódia, mecanismo usado pelo Poder Judiciário para acelerar o julgamento de pessoas presas em flagrante, e que reduz a superlotação dos presídios, já tão abarrotados.

O ex-membro do partidão se apresenta contra a ideologia de gênero e é contra o aborto. Todas essas declarações, de forma clara, são uma tentativa de obter o voto do eleitorado mais conservador, formando em grande medida pelo eleitorado evangélico. “Precisamos resgatar os princípios da família e os valores cristãos.”

Quando jovem, o ainda emedebista teve sua formação política na extinta União Soviética, onde foi estudar de forma clandestina nos tempos da ditadura militar brasileira (1964-1985).

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