sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Cemitério onde hansenianos eram enterrados isolados continua abandonado em Cruzeiro do Sul

‘É uma falta de respeito com a gente’, diz filho de mulher enterrada. Setor de limpeza do município disse que pessoal foi reduzido e não houve tempo de limpar.


Cemitério, que fica em Cruzeiro do Sul, está tomado pelo matagal (Foto: Anny Barbosa/G1)

Mais um ano e o cemitério onde eram enterrados os hansenianos em Cruzeiro do Sul permanece abandonado. O local é coberto por mato e as sepulturas estão sem qualquer manutenção.

O Cemitério Castanheira tem cerca de 30 túmulos e é parte de um triste período histórico, quando os hansenianos eram excluídos da sociedade devido à doença, tanto na vida, como na morte.

Conhecido como cemitérios dos hansenianos, este é o segundo ano que o local não passa por limpeza.

“O que houve foi a redução de pessoal e não deu tempo de limpar. A gente limpou os dois maiores e acabou que não deu tempo de ir lá”, justifica o responsável pelo setor de limpeza do município, Mauri Barbosa.

Hansenianos eram enterrados em uma área isolada devido à doença. Hoje, o local está abandonado (Foto: Anny Barbosa/G1)

Para os familiares que precisam visitar os túmulos, o abandono causa indignação e transtornos. Eduardo Nascimento, de 78 ans, sempre vai visitar o túmulo da mulher. Hilda Ferreira morreu há 22 anos e ele sempre faz questão de ir até o cemitério, mas as condições do local é uma reclamação constante.

“Eu que já tenho mais idade, fico andando nesses matos, mas a gente vem todo ano. Não pode deixar de vir não, porque ela tá aqui”, disse.

O filho de dona Hilda, Edmar Nascimento, de 36 anos, disse que o sentimento é de total indignação, já que para poder acender velas para a mãe, ele tem que enfrentar um caminho no matagal.

Com um facão, ele ia trilhando um caminho para chegar até o túmulo da mãe. “É uma falta de respeito, porque em outros cemitérios fizeram porque que aqui não fez?”, indaga.

Pai e filho usaram um facão para abrir caminho até o túmulo de mulher enterrada (Foto: Anny Barbosa/G1 )

Por Anny Barbosa, G1 AC, Cruzeiro do Sul

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