quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Artigo: Postura de Gladson pode levar a racha em sua principal base eleitoral



A informação de que Vagner Sales estaria costurando um possível apoio à Marcus Alexandre pegou muita gente de surpresa, a ponto de duvidarem da veracidade da mesma.

A notícia foi publicada inicialmente pela colunista política Gina Menezes nesta quarta-feira no jornal Folha do Acre.

Na coluna, Gina afirma que o apoio de Vagner a Marcus Alexandre estaria condicionado a cargos e contratos da FPA no Juruá, e que o mesmo estaria interessado apenas em eleger a mulher e a filha.

Aqui no Juruá, fontes ligadas ao ex-prefeito confirmaram que de fato houve uma conversa nesse sentido com Marcus Alexandre.

No entanto é necessário cautela em dar esse apoio de Vagner Sales a Marcus Alexandre como certo. Vagner pode muito bem estar apenas jogando para ampliar seu espaço junto às costuras políticas de Gladson, que se não é o principal causador do racha entre Ilderlei e O ex-perfeito, ao menos tem alimentado o conflito.

O problema todo começa com a indicação de Ilderlei Cordeiro (PMDB) para que seu tio Rudilei Estrela (PP) concorra a deputado federal. A indicação tira o ‘espaço vital’ necessário dentro da prefeitura para que Jessica Sales (PMDB) dispute a reeleição.

É preciso ter em mente o estreito pragmatismo com que Vagner conduz as campanhas políticas. Cargos, salários e contratos são milimetricamente calculados para darem o necessário retorno na hora do voto. É por isso que não perde. Por mais que Jessica Sales tenha feito um mandato presente em Cruzeiro do Sul, sua reeleição está condicionada à construção desses apoios dentro da prefeitura. A candidatura de Rudilei Estrela mina perigosamente as chances de vitória de Jessica. É vital para a sobrevivência política de Jessica, e de Vagner, a manutenção destes cargos.

Foi justamente com esse pragmatismo de Vagner que o ‘favoritismo’ de Gladson parece ter entrado em confronto. Gladson deu sinais de que já estaria ‘ungido’ pela oposição e praticamente ‘eleito’, dispensando as costuras políticas que garantam os apoios para sua vitória. Por outro lado, Gladson também depende da máquina da prefeitura de Cruzeiro do Sul, hoje na mão de Ilderelei para a campanha deste ano.

Um apoio explícito de VS ao candidato da FPA seria impensável. Mas ele pode simplesmente ‘tirar o pé do acelerador’ no meio da campanha o que pode ser determinante para uma derrota, ou ao menos perda de votos, de Gladson no Juruá.

Vagner Sales no final das contas, é a síntese do ‘espírito’ da oposição: um agregado de interesses pessoais e familiares momentaneamente unidos, mas sem a capacidade de apresentar um projeto político para o conjunto da sociedade acreana. A candidatura de Rudilei à deputado federal não rompe com as práticas de VS, ao contrário, apenas às repete numa mesma lógica: a tentativa de perpetuar o poder familiar e econômico através do poder político.

A mesma lógica é replicada pelo próprio Gladson: para ele trata-se de uma ‘revanche dos Cameli’. O caráter familiar de seu projeto é tão evidente que em alguns círculos Gladson não fala nem sequer em ‘derrotar o PT’, mas sim em ‘derrotar os Viana’. No entanto, a brincadeira de ‘Game of Trones’ de Gladson pode custar caro.

Por mais peso que tenha o nome Cameli e a fortuna que o lastreia, pode não ser o suficiente para Gladson costurar a unidade das oposições. Sem autoridade política e moral para pacificar esses conflitos, na tentativa de agradar a todos, promete o que não tem, acumulando, ao final, descrédito e desconfiança em sua base.

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