quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Jesus Sérgio, a grande surpresa do Acre para a Câmara Federal

Quando criança, deputado vendia quibe e suco nas ruas de Tarauacá

O deputado Jesus Sérgio, 45 anos, já avisou que não vai para a Câmara Federal fazer oposição ao governo de Gladson Cameli. “Eu fiz campanha e apoiei o Marcus Alexandre em Tarauacá e no Jordão, onde ele teve mais votos que o Gladson. Mas, infelizmente, não foi suficiente, então vamos atuar para fortalecer o Acre, melhorar a qualidade de vida da população”, declarou ele em entrevista nesta terça-feira.

Jesus nasceu no Seringal Xapuri, na beira do rio Tarauacá onde viveu até os 9 anos quando seu pai decidiu se mudar com a família para a cidade. Para ajudar a família, Jesus conta que vendeu quibe e suco pelas ruas de Tarauacá até os 11 anos, quando conseguiu emprego numa loja de confecção.

Aluno aplicado, ele conta que sempre foi aprovado com as melhores notas de sua turma. Aos 16 anos, seu pai o enviou para estudar num seminário em Cruzeiro do Sul. “Devo muito do que sei hoje à minha formação por este seminário”, agradece ele.

Mas, Jesus não conseguiu concluir o curso no seminário, precisando retornar para Tarauacá porque seu pai, que já era viúvo, adoeceu com câncer e morreria logo depois. Diante da orfandade, Jesus assumiu a responsabilidade de comandar a casa da família.

Muito bem preparado, porém, Jesus não desperdiçava oportunidade e foi aprovado em vários concursos públicos. Licenciado em Matemática pela Ufac, logo passou em primeiro lugar no concurso para professor estadual em Tarauacá e, mais tarde, para professor da rede municipal.

Jesus também participou e foi aprovado no concurso público para o Banco da Amazônia de Tarauacá e passou a acumular as funções de bancário durante o dia e de professor à noite.

Em 2012, incentivado pelo tio Chico Batista, que foi vereador por vários mandatos em Tarauacá, Jesus lançou sua candidatura pelo PDT e conquistou uma cadeira com 814 votos, sendo o mais votado do partido.

Em 2014, a convite do presidente do PDT, José Luís Tchê, concorreu a deputado estadual obtendo 3.483 votos. Nas eleições deste ano tentou um salto mais alto e obteve êxito, conquistando 9.537 votos tornando-se o segundo deputado federal eleito por uma sigla da oposição neste pleito.

“Mas, não vamos trabalhar para fazer oposição, queremos apenas o bem do Acre. O Acre é muito pequeno, só tem oito deputados federais e todos temos que contribuir para trazer mais recursos para o Estado”, afirmou ele que se orgulha de ter efetuado um mandato muito produtivo, com 13 projetos aprovados na atual legislatura. Seu projeto de maior repercussão trata da proibição do uso de celulares nas salas de aula de escolas públicas ou privadas, a não ser com o consentimento do professor para fins didáticos.

Se é considerada uma surpresa para muitos observadores das eleições no Acre, a vitória de Jesus Sérgio só o surpreendeu pela pequena margem da votação. “Eu esperava muito mais, mas tivemos muitos problemas de última hora para conseguir recursos”, observa ele.

O parlamentar afirma que não tem um reduto eleitoral específico, mas seu eleitorado é predominante em Tarauacá e, principalmente, fiéis da Igreja Carismática Cristã, onde conheceu sua esposa, Maria Lucinéia, funcionária do Tribunal de Justiça do Acre. “Estamos casados há 22 anos e temos três filhos de 17, 14 e 5 anos”, conta ele.

Sobre o insucesso da Frente Popular do Acre, Jesus Sérgio diz que não vê erros de estratégia, mas apenas o desejo de mudança do povo do Acre. “Encerrou um ciclo e o povo achou que deveria mudar. Não foi apenas no Acre, foi no Brasil inteiro, assim como nosso senador Jorge Viana outros nomes de envergadura do Senado não voltarão no ano que vem”, concluiu.
Asessoria

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