domingo, 13 de janeiro de 2019

Principal força eleitoral de Gladson, evangélicos ficam de fora da cúpula do governo


Se há um candidato ao governo do Acre que foi abraçado pelos evangélicos e suas respectivas lideranças, este se chama Gladson Cameli (PP). Pesquisas divulgadas durante a campanha apontavam o progressista como o favorito entre os cinco governadoráveis dos eleitores que se definiam como evangélicos.

Nem mesmo a conversão de Marcus Alexandre Viana e seu batismo nas águas (cujas fotos viralizaram nas redes sociais) foram suficientes para reduzir a rejeição ao candidato do PT. As ideias mais liberais defendidas pelos petistas – como o casamento gay e a descriminalização do aborto – vão contra os princípios dos protestantes.

Na outra ponta, o católico Gladson Cameli e seu partido conservador apresentavam um discurso que ia de encontro ao que o eleitorado queria ouvir, defendendo, em particular, os chamados “valores da família cristã”. Tal postura fez o agora governador acreano encontrar o trânsito livre no eleitorado evangélico.

Passado o período da “guerra santa” em que se transformou as eleições no país e definido os vencedores, os evangélicos parecem não ter recebido a devida recompensa por terem se engajado na campanha do progressista. Os religiosos, por exemplo, não foram contemplados ou participaram de forma ativa da composição do primeiro escalão de Gladson.

Segundo alguns líderes ouvidos pela reportagem, ao menos duas áreas eram de seu interesse: a Educação e a Assistência Social. A Educação é explicada pelo fato do desejo dos protestantes de influenciar nas políticas pedagógicas, combatendo o que eles classificam como ruins para os “valores da família”, entre elas a ideologia de gênero. Outra causa que apoiam é a escola sem partido, que não aceita o ensino de ideologias políticas nas salas de aula.

A pasta não foi entregue aos conservadores, mas eles afirmam estar satisfeitos com o nome de Mauro Sérgio no cargo. A área social do governo Gladson ficará com sua esposa, Ana Paula Cameli. Os evangélicos gostariam de ter ficado com o setor por conta dos trabalhos sociais que as igrejas desenvolvem em suas comunidades.

O Palácio Rio Branco agora vai definindo os nomes que ocuparão as presidências das autarquias e fundações, o segundo escalão. Até o momento, nenhum dos nomes oficializados no Diário Oficial tem relação com as igrejas ou foram frutos da indicação direta de seus líderes.

Essa não acomodação e participação mais ativa incomoda parte dos pastores. As reclamações têm ficado mais no campo interno, evitando torná-las públicas. A esperança é que eles sejam chamados para conversas neste momento de definições da formação do governo, ganhando espaços generosos e com voz ativa nas tomadas de decisões.

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