sexta-feira, 5 de abril de 2019

Mesmo demonizando Florestania, governo de Cameli pode receber até R$ 200 milhões por ano com crédito de carbono



Florestania é um conceito para promover a “cidadania” adaptada à floresta amazônica considerando a preservação das riquezas naturais como condição para o desenvolvimento humano econômico e social. Essa foi a principal bandeira do modelo econômico nos últimos 20 anos de governos da Frente Popular no Acre e que durante anos, mais especificamente na última campanha eleitoral, foi demonizada pelo governador Gladson Cameli e seu grupo político que venceram as eleições e hoje comandam as ações no Palácio Rio Branco. A antiga oposição que hoje é situação apontava o modelos impostos ainda no governo de Jorge Viana como responsável pelo atraso econômico do Estado.


Mesmo contra o modelo, na próxima semana o governo do Estado estará encaminhando uma mini-reforma administrativa para recriar o Instituto de Medidas Climáticas (IMC), que havia sido extinto em dezembro do ano passado. O erro da extinção do Instituto prejudicou alguns convênios e contratos em que o Estado do Acre tem com instituições financeiras internacionais, como o banco alemão KFW.

O Instituto de Mudanças Climáticas foi criado nos governos da Frente Popular como uma autarquia especial para regular monitorar e registrar as iniciativas de incentivos a serviços ambientais, incluindo as iniciativas de REDD+, no Estado do Acre. O Sistema de Incentivos aos Serviços Ambientais (SISA) tem como principal objetivo fomentar a manutenção e a ampliação da oferta de serviços e produtos ecossistêmicos. Dentre eles, está o Programa ISA Carbono que visa à estratégia de desenvolvimento de baixas emissões, buscando estabelecer ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e fazendo com que o Estado esteja apto a receber incentivos financeiros para implantação de uma economia de baixo carbono.

Atualmente, o Estado pode receber anualmente até R$ 50 milhões através do convênio com o banco alemão KFW, mas a expectativa é que esse mercado seja ampliado, podendo o Estado arrecadar recursos para manter suas florestas em R$ 150 ou até mesmo R$ 200 milhões por ano, já na gestão de Gladson Cameli.

O atual secretário de Planejamento do governo Gladson, Raphael Bastos explicou ao ac24horas que existe uma grande possibilidade de esses valores aumentarem, pois existem outros países interessados como os Estados Unidos, Inglaterra e China. “Esses países não alcançaram as metas estabelecidas na COP21 em Paris , no ano de 2015, e precisam agora comprar créditos de emissão de carbono que Acre tem”, explica.

Questionado se fato a Florestania havia sido abolida na gestão de Cameli, Raphael assevera que sim. “O conceito da Florestania está ligado ao que irá ser feito com uso desse recurso, e a filosofia a ser apresentada ao mercado. Na Florestania o conceito era manter a floresta em pé, usando o extrativismo como fonte de renda dos povos da floresta. Era um conceito basicamente protecionistas da floresta e seus ativos. No nosso caso, tratamos a preservação de acordo com o que é preconizado no código florestal. Não queremos apenas preservar a floresta sem trazer ou produzir riqueza, queremos desmatar para agricultura e para Agronegócio, porém, dentro dos limites legais, e usar o recurso captado nessas operações internacionais para fortalecer isso, recuperação de áreas não produtivas, aplicação de assistência técnica para os produtores, mecanização e o uso de tecnologia para aumento de escala”, argumento Bastos enfatizando que existe uma grande diferença entre os os modelos e ideias praticadas pelo governo anterior e o atual.

“Nosso modelo pensa o desenvolvimento de cadeia produtivas, porém agregando o valor de sermos ambientalmente corretos. O mercado internacional já sinaliza para esse rumo, EUA e China já afirmaram que preferencialmente querem importar produtos com baixa emissão de carbono, e nesse aspecto o Acre hoje corre sozinho. Por isso precisamos produzir e muito mais sem perder esse valor agregado”, disse Bastos.

Em recentes entrevistas, o governador Gladson Cameli tem declarado que o foco do seu governo deve ser o agronegócio, mas sem derrubar árvores. Na semana passada, durante a abertura do 17º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, realizado no Macapá (AP), o chefe de Estado acredita que é possível desenvolver respeitando o Código Florestal Brasileiro.

“Estou usando uma política e vou deixar claro aqui, para não ser mal interpretado, que nosso estado está aberto para a industrialização, para o agronegócio, mas isso sem derrubar uma árvore sem querer prejudicar a nossa Amazônia, a nossa floresta em nem um centímetro”, comentou o governador acreano.

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