sábado, 7 de setembro de 2019

Ex-governador conta sua história de menino pobre que chegou ao governo e ao Senado


A história de um menino pobre que se tornou um dos políticos mais influentes de seu tempo
TIÃO MAIA, PARA O CONTILNET
O hall de entrada ao auditório da sede da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), na Avenida Ceará, em Rio Branco, foi pequeno para receber tantas pessoas. Homens e mulheres, amigos, familiares, aliados e antigos colaboradores, se acotovelaram, na noite de sexta-feira (6), para abraçar e ganhar um autógrafo do ex-governador Nabor Júnior, durante o lançamento do livro “Uma Vida Dedicada ao Acre – Minhas Memórias”, de sua autoria, no qual ele conta sua trajetória de homem público – desde a infância em Tarauacá ao Palácio Rio Branco e ao Senado da República.
Em mais de 300 páginas, Nabor Júnior fala de sua origem humilde em Tarauacá e do próprio nascimento, num seringal, dos primeiros estudos em Manaus, Fortaleza e Rio de Janeiro, e de como conheceu sua companheira de vida, dona Darcy Rocha, também filha de seringueiro de Tarauacá, com a qual está casado há 61 anos. Fala também de seu retorno ao Acre, das lutas para elevar o então território à condição de Estado, sobre seus mandatos (três) de deputado estadual, na Assembleia Legislativa, de 1962 a 1974, quando se elegeu deputado federal até 1982, quando concorreu e ganhou às eleições para o Governo do Estado.
Nabor Junior lançou seu livro na noite desta sexta-feira/Fotos: ContilNet
O livro aborda também como o autor viu o golpe militar de 1964, quando os militares tomaram o poder no país, de sua experiência no Congresso Nacional e como senador constituinte. O livro traz ainda um capítulo sobre a campanha pelas “Diretas Já” e do movimento que levou seu aliado Tancredo Neves à presidência da República (que ele não assumiu por ter adoecido antes da posse e morrido em seguida), fala de suas relações com o lendário Ulysses Guimarães e faz uma revelação: Nabor Júnior se inspirou politicamente, no início de sua trajetória, no falecido senador Adalberto Sena, um dos ícones do MDB no país.
O livro é apresentado pelo industrial João Albuquerque, amigo de Nabor Júnior desde Tarauacá. “Ele me conhece desde criança”, disse Albuquerque. “Quando ele me convidou para apresentar o livro, fiquei muito honrado porque, para mim, o Nabor Júnior é um exemplo de ser humano que precisa ser seguido”, disse o empresário.
Familias e amigos participaram do lançamento do livro do ex-governador/Foto: ContilNet
O prefácio do livro coube ao jornalista brasiliense Mário Nelson Duarte, colaborador de Nabor Júnior desde os tempos de Congresso Nacional e depois no Governo do Acre. “Nabor Júnior, com sua decência, seu talento e sua dedicação ao bom e ao construtivo, colhe hoje os frutos desta história. Nabor Júnior é a própria história do Acre moderno”, diz Mário Nelson Duarte no prefácio.
O livro foi concebido depois de uma longa espera. Durante pelo menos duas décadas, o ex-governador recusou-se a escrever ou a contar suas memórias, revela a jornalista Dora Rocha, filha do autor e organizadora do livro. Segundo ela, seu pai dizia não ter vivido fatos tão extraordinários que pudessem resultar num livro. “Mas eu conhecia a modéstia do meu pai”, disse a jornalista, ao revelar que, numa tarde de junho de 2017, sua mãe, dona Darcy, lhe sussurrou ao telefone:
– Seu pai decidiu contar as memórias dele!
Pronto. Começava aí uma corrida contra o tempo, Gravações, pesquisas, consultas a documentos. O que seria uma enorme tarefa em se tratando de qualquer outra pessoa, em relação a Nabor foi ficando fácil: ele tinha tudo organizado, anotado, documentos arquivados, inclusive muitas fotografias. “De tal forma que foi um prazer fazer este livro. Foi fácil graças à organização dele”, disse a jornalista.
Deputado Flaviano Melo e ex-deputado Osmir Lima elogiaram Nabor Junior/Foto: ContilNet
Personalidades da política local falam sobre a importância do autor como homem público
A importância história de Nabor Júnior como homem público e cidadão acreano foi destacada por diversas pessoas que foram prestigiá-lo no lançamento do livro. Correligionários de MDB, ex-colaboradores de seu Governo e até militantes de outros partido que fazem oposição ao seu MDB, estiveram no lançamento e falaram sobre o autor.
Socorro Neri, prefeita de Rio Branco (PSB) – “O fato de hoje eu não ser mais do MDB não significa que eu não reconheça a figura história do Nabor Júnior. É um político que honrou os mandatos que o povo sempre lhe deu. Em mais de 40 anos de vida pública, não há, até hoje, nada que desabone a conduta honrada deste grande taraucaense e do qual eu tenho orgulho de ser conterrânea”.
Walmir Gomes Ribeiro, conselheiro do Tribunal de Contas do estado (TCE) – “Acho que o Nabor é o maior personagem da política no Acre, cuja história se confunde com o próprio Acre. Suas memórias nos dão notícia de ações de um homem íntegro, reto e preocupado com o bem estar de sua gente”.
Suede Chaves da Cruz, jornalista, assessor de comunicação do então governador Nabor Júnior: “O Nabor foi um político importante no seu tempo, sobretudo por sua prática cordial e democrática. Fez um governo n uma época de transição da ditadura para a democracia com respeito às pessoas em gera, sem perseguir adversários, sem vinganças. Para mim, é o maior democrata da política acreana”.
Manuel Machado, deputado estadual na época em que Nabor Júnior era governador: “Para mim o Nabor é o Roberto Carlos da política, um homem inimitável. Eu tenho muita honra em ser de Tarauacá e de ter feito política ao lado dele”.
Adalberto Ferreira, assessor de planejamento do governo de Nabor Júnior ne ex-deputado estadual: “Não nego que minha vida pública é inspirada neste homem. Fui seu assessor de planejamento durante todo o seu Governo e nunca vi ele orientar qualquer secretário a agir em desconformidade com a lei para beneficiar um parente, um amigo. Com ele, tudo era dentro da legalidade e seu exemplo de homem público, de retidão e caráter eu vou levar para a vida toda”.
Flaviano Melo, deputado federal, ex-governador e ex-senador da República: “O Nabor foi governador numa época difícil, mas soube organizar as finanças do Estado de forma que eu só consegui fazer um bom Governo porque ele e a Iolanda haviam organizado o estado anteriormente. Além de ter feito um governo organizado, ele agiu, como sempre, como um autêntico democrata”.
Moisés Diniz, ex-deputado estadual e federal do PC do B: “Na confusão política que o Brasil vive hoje, o país precisa – e muito – de políticos com o perfil de um Nabor Júnior. Ele fez política a vida toda sem atropelar ou tentar esmagar adversários, se portando como como os grandes homens da política sabem se portar. Nabor é um dos grandes nomes da nossa política que vai perdurar por muitos anos”.
Marcos Inácio Fernandes, sociólogo, ex-dirigente do PT (Partido dos Trabalhadores): “Meu primeiro voto no Acre, em 1982, foi em Nabor Júnior. Eu estava aqui organizando o Partido Comunista Brasileira (PCB, o Partidão) mas enxerguei que o Nabor encarnava os nossos sonhos de redemocratização do país. Foi um voto do qual nunca me arrependi.
Torres Lima – auditor fiscal no Estado e liderança do MDB em Epitaciolândia: “O Nabor é minha inspiração política. Entrei no MDB influenciado por suas ações e a seu convite. Tenho orgulho de ter política ao lado deste grande homem”.

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