domingo, 8 de setembro de 2019

Plano para tirar Gladson Cameli da reeleição e Major Rocha do caminho majoritário segue a todo vapor no Vale do Juruá


Além de Sérgio Petecão, outros com ambições para o pleito – Roberto Duarte, Ilderlei Cordeiro – já tentaram delimitar espaço na próxima corrida ao Palácio Rio Branco. Mas, nenhuma ação foi tão sintomática como a estratégia de tirar o atual vice-governador Major Rocha da linha sucessória.

“Os partidos políticos existem para alcançar o poder”. A frase dita por Ulisses Guimarães, em 1971, casa perfeitamente ao momento político vivido no Acre onde, a aliança de 11 partidos que ajudaram o atual projeto de governo, ameaça se desfazer em torno de um projeto alternativo de poder com vistas às eleições de 2022.

Embora neguem até a morte, dissidentes do PSD, não contemplados na atual estrutura do Palácio Rio Branco e um grupo supostamente do prefeito Ilderlei Cordeiro, estão no centro da trama. Clãs distintos do MDB liderados por Roberto Duarte e Vagner Sales teriam demonstrado interesses nas estratégias, assim como o ex-presidente do Progressistas, deputado estadual José Bestene. Este último, incomodado com a importação da secretária de saúde Mônica Feres de Brasília e a exoneração de cargos indicados por ele na estrutura administrativa. A caída de Lúcio Brasil da Fundação Hospitalar do Acre teria sido a gota d’água para Bestene aderir ao fogo amigo.

A ideia ousada que vem sendo debatida é turbinar a pré-candidatura do atual governador Gladson Cameli ao Senado em 2022 e isolar o vice-governador Major Rocha da chapa majoritária. O tucano é visto como uma pedra no sapato de velhos caciques.

Neste cenário, Sérgio Petecão (PSD) seria o cabeça de chapa com uma dobradinha com os Progressistas. Em tese, o projeto teria os maiores partidos unidos: PSD, Progressistas e MDB. “Conversas nesse sentido vêm sendo fortalecidas nos municípios e foram debatidas durante a Expoacre Juruá” disse um vereador que pediu para não ter seu nome revelado.

O influente vereador foi um dos convidados a debater a chamada alternativa política 2022, em que a ordem, segundo ele, é enfraquecer o vice-governador. O que mais incomoda alguns “aliados” é a postura de fidelidade do Major Rocha ao Palácio Rio Branco. O alinhamento politico entre Rocha e Cameli não estava nos planos dos caciques que contavam com uma briga precoce entre as duas maiores lideranças do estado.

De acordo com o que a reportagem apurou, Rocha já teria sido alertado por assessores sobre o enredo, mas, tinha conhecimento apenas de planos para tirar Gladson Cameli da disputa de governo. Antes de viajar para uma agenda internacional, no Peru, o próprio vice-governador foi convidado através de um telefonema disparado de Cruzeiro do Sul, para participar de uma conversa política com vistas ao projeto político de 2022.

O assunto foi levado imediatamente ao conhecimento do governador Gladson Cameli pelo vice-governador durante reunião a portas fechadas que aconteceu no Palácio Rio Branco. Cameli teria autorizado Rocha participar do debate, em ato seguinte, passou a anunciar sua pré-candidatura à reeleição. Antes de participar do Novenário de Nossa Senhora da Glória, o governador chegou a afirmar que pensa em deixar o partido que o levou ao poder.

A leitura feita pelos algozes do vice-governador é simples, com Gladson Cameli concorrendo à reeleição, o apoio do Palácio Rio Branco à pré-candidatura de Major Rocha ao Senado é uma tendência. Há quem afirme que o acordo já foi selado.

O nome da deputada federal Jéssica Sales (MDB), lançado ao Senado pelo pai, Vagner Sales teria sido o primeiro contra-ataque do grupo que trama a derrubada do Major. No PSD, o assunto vem sendo deliberado pelo senador Sergio Petecão que passou a não esconder o sonho que ele diz ser de qualquer político, de governar o seu estado. A ausência do primeiro secretário do Senado nas agendas do Palácio Rio Branco chama atenção. Petecão tem se dedicado a uma agenda nos rios e seringais mais isolados na região do Juruá.

Rocha vai instalar um gabinete institucional na cidade de Cruzeiro do Sul reforçando, com aval do governador, sua atuação política na região. A inauguração do espaço está prevista para acontecer até o dia 28, data de aniversário da cidade. Assessores do Palácio e do gabinete do vice-governador negam que a sala institucional seja uma ofensiva para barrar os planos nascidos na terra da farinha.

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