quarta-feira, 6 de novembro de 2019

1 em cada 4 brasileiros vive com menos de R$ 420 por mês, aponta IBGE

Estudo mostra que 25,3% de toda a população brasileira está abaixo da linha da pobreza. Do total de pessoas em situação de pobreza, 14,3% estava ocupada no mercado de trabalho.

Um estudo divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, em 2018, 25,3% da população brasileira se encontrava abaixo da linha da pobreza. Isso significa que um em cada quatro brasileiros viveu com menos de R$ 420 por mês ao longo do ano – menos da metade do salário mínimo vigente na época, que era de R$ 954.

Os dados constam na Síntese de Indicadores Sociais (SIS) que apontou, também, que a crise levou o Brasil a bater recorde do número de pessoas em situação de extrema pobreza, além de elevar os indicadores de desigualdade ao nível mais alto da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Segundo o IBGE, R$ 420 mensais equivalem a US$ 5,50 por dia, valor estabelecido pelo Banco Mundial para marcar a linha da pobreza em países com rendimento médio-alto. O estudo mostra que desde 2014, quando o Brasil registrou o menor contingente de pessoas em situação de pobreza, aumentou em 6,7 milhões o número de brasileiros com esta média de rendimento.

Entre 2012 e 2014, o contingente de pessoas em situação de pobreza diminuiu no país, chegando a 45,8 milhões de pessoas. Com o início da crise, porém, ele foi aumentando até chegar a ao recorde histórico de 53,5 milhões de pessoas em 2017.



Distribuição da pobreza no Brasil — Foto: Arte G1

Queda em 2018

Na passagem para 2018, porém, cerca de 1 milhão de brasileiros ultrapassaram a linha da pobreza, reduzindo este contingente para 52,5 milhões, o segundo maior da série histórica.

“A redução desse contingente se deve a uma queda do número de pessoas em situação de pobreza na Região Sudeste, que foi a única que apresentou redução com relevância estatística”, ponderou o gerente do estudo, André Simões.

Segundo o pesquisador, o movimento no mercado de trabalho ao longo de 2018 explica a queda dessa população em situação de pobreza.

“Se olharmos a conjuntura, houve queda na taxa de desocupação e crescimento no rendimento do trabalho e, também, do rendimento proveniente de aposentadorias e pensões. Então, esses fatores ajudam a explicar a redução desse”, apontou.

Dentre o milhão de pessoas que saíram da situação de pobreza na passagem de 2017 para 2018, cerca de 700 mil são do Sudeste. Já a Região Nordeste responde por quase a metade (47%) de todo o contingente de pessoas abaixo da linha de pobreza.

“Além de toda a dívida histórica com essa região, que não se desenvolveu como as outras, o Nordeste tem um mercado de trabalho que não é tão dinâmico quanto o da região Centro-Sul, que remunera melhor os trabalhadores”, destacou Simões.

Empregado, mas em situação de pobreza

O estudo evidenciou, ainda, “que a inserção no mercado de trabalho não é condição suficiente para superar a pobreza”. Isso porque do total de pessoas que estavam empregadas em 2018, 14,3% tinha rendimento domiciliar per capita inferior à linha de US$ 5,50 por dia, o que as deixa em situação de pobreza.

Em números absolutos, significa que dentre 52,5 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, 13,2 milhões estavam ocupadas no mercado de trabalho. O IBGE lembrou que, desde 2015, houve redução do pessoal ocupado no país. A taxa de desocupação passou a cair em 2018, puxada pelo avanço do trabalho informal, que tem rendimentos menores.

Isso fica ainda mais evidente quando se observa o contingente de ocupados em situação de pobreza de acordo com sua condição de ocupação. Dentre os empregados sem carteira assinada, 23,4% estavam abaixo da linha pobreza, enquanto entre os com carteira assinada esse percentual era de 7,6%.
Distribuição de trabalhadores ocupados em situação de pobreza por tipo de ocupação
Dentre os 52,5 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza em 2018, 13,2 milhões estavam empregados.
Trabalhador familiar auxiliar: 6,2 %Trabalhador doméstico: 11,28 %Empregado sem carteira assinada: 24,83 %Trabalhador por conta própia: 35,33 %Empregado com carteira assinada: 19,5 %Militar ou funcionário público estatutário: 1,95 %Empregador: 0,92 %

Empregado sem carteira assinada
24,83 %

Fonte: IBGE

R$ 9,7 bilhões por mês para erradicar a pobreza

O estudo mostrou ainda que se cada um dos 52,5 milhões de brasileiros em situação de pobreza recebesse, em média, R$ 186 a mais por mês, a pobreza seria eliminada do país. Assim, erradicar toda a pobreza do país tem custo estimado em R$ 9.744 bilhões por mês.

“Temos que lembrar que nem todos em situação de pobreza têm o mesmo rendimento. Assim, uns teriam que receber mais, outros menos, para que todos ultrapassarem a linha de pobreza”, destacou o gerente do estudo, André Simões.

Já para eliminar os 13,5 milhões em situação de extrema pobreza seria necessário distribuir, em média, R$ 76 por mês, o que equivale a um investimento mensal de cerca de R$ 1 bilhão.


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Marcio Souza

HÁ UMA HORA

Sou empreiteiro de obras e pago 80 reais pra um bom servente e 120 pra pedreiro,ta cheio de obras por esse Brasilzão,o que acontece é que preferem os 420 do bolsa familia que encarar um trabalho.
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Jpc

HÁ UMA HORA

O BRASIL ESTÁ IGUAL UMA REPUBLIQUETA !! QUEM APERTOU 17 COLOCOU OS LOBOS PARA TOMAREM DO GALINHEIRO !!! ESTÁ MAIS DO EXPLICADO ESSE ESCARNIO DA PRISÃO DO L"ULA !! MAS O STF VAI FAZER ESSA CORREÇÃO NOS RIGORES DA MAIOR LEI DO PAÍS QUE Á NOSSA INTOCÁVEL CONSTITUIÇÃO DE 1988 !! O JUIZECO E O PROCURADORECO VÃO SER DEVIDAMENTE PUNIDOS DENTRO DA LEI !!! QUEM VIVER VERÁ !! VIVA O THE INTERCEPT , REVISTA VEJA E BRILHANTE JORNALISTA REINALDO AZEVEDO !!
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Marcio Souza

HÁ UMA HORA

Carlos,já ouviu em falar em hora do almoço? Ou vc não trabalha e é mais um que pega o bolsa família?
Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro

06/11/2019 10h00 Atualizado há 58 minutos

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