sábado, 4 de abril de 2020

EM CARTA, MOISÉS DINIZ SE DESPEDE DO PCdoB APÓS 30 ANOS DE MILITÂNCIA

CARTA DE AMOR AOS CAMARADAS

Escrevo hoje uma carta de amor aos meus camaradas, no dia em que assinei a minha desfiliação ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB/Acre), após 33 anos de militância. A mesma idade em que Jesus foi crucificado e também ressuscitou.

Toda minha alma respira gratidão, por tudo que aprendi no Partido, por tudo que tive, por todas as lutas, pelas amizades que não vão acabar por causa de uma desfiliação, pelo homem que o Partido me tornou, pelos cargos políticos que exerci, pela camaradagem, pelas gargalhadas juntos, pela cerveja que bebemos (quando eu bebia sem controle), pelos cigarros que fumei (quando eu fumava quatro maços por dia), pelos momentos de dor, quando choramos juntos, pelas viagens nos rios, pelas noites enluaradas nas aldeias indígenas, pela magia da floresta e pelas ferradas de piuns e carapanãs, pelos livros que li, pelos artigos que escrevi, pela poesia social que aprendi com a luta, pelas lições de vida de tantos camaradas, pela história guerreira de cada um, pelas utopias que respiramos juntos, pelos medos e frustrações, pelos combates vitoriosos, pelas derrotas, pela dor da perda de quem partiu na luta coletiva, pelos quase doze mil dias que convivemos juntos, que lutamos!

Sei que as minhas palavras cabem em cada consciência porque, nesses anos todos, eu calcei o sapato de muitos de vocês, militantes, e vocês calçaram os meus.

Meus queridos camaradas, vocês vão estar sempre na sala vip do meu coração. 

Adios!

Moisés Diniz

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