segunda-feira, 8 de junho de 2020

Brasil, o quintal de Bolsonaro


Todo dia um prato cheio para os jornais. É demitido o presidente da Funai por pressão de ruralistas; É exonerada a presidente do Inmetro e em seu lugar vem um militar; É demitido o Ministro da Saúde por pensar que o cuidado com a vida deve vir antes da economia; Sai o Ministro da Justiça e Segurança Pública por coação e supressão de sua autonomia; Sai, com menos de um mês de atuação, o novo Ministro da Saúde, por divergências na condução do enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Soma-se à isto a completa e constante indiferença do presidente em relação às mortes causadas pela COVID-19, que no Brasil já superaram 14 mil.

A instabilidade tem sido, desde o início, a marca do governo Bolsonaro. Nossa única certeza é que, a depender da atual gestão, nada vai melhorar, mas ainda pode piorar muito. Para os que estão atentos, não é difícil identificar elementos que indicam o desgaste da nossa frágil democracia, e aos que ainda não estão devidamente preocupados, aqui vão algumas reflexões.

Primeira: Bolsonaro ainda não entendeu (e nem pretende) que um mandato presidencial é atividade no serviço público, não por concurso, nem nomeação, mas por eleição e que, por essa simples razão, as tomadas de decisão devem levar em conta o interesse público e não particular e/ou familiar. Ele já deixou claro que não tem intenção de dialogar com diferentes percepções, mas de conviver apenas com quem repete linha por linha o seu pensamento (absolutismo).

Segunda: quando o presidente diz que defende a “família brasileira”, ele está se referindo à dele, até porque ele não aprecia a real composição da família brasileira, comumente formada por uma mãe solteira e seus filhos, por uma avó e seus netos, por tios/tias e seus sobrinhos, por um casal de mesmo sexo, etc. Para ele uma família é composta por homem, mulher e sua prole, embora isso contrarie diversas estatísticas como a dos 5 milhões e meio de crianças sem o nome do pai no registro.

Terceira: o autoritarismo de Bolsonaro, apesar de aplaudido por alguns, é muito nocivo e não condiz com a ideia de democracia. Um dado bem representativo disto é o de que em em menos de 1 ano e meio de governo, ele já alcançou a 11ª mudança em ministérios. Se para Marilena Chauí, a democracia exige algumas determinações como a ideia de comunidade, igualdade, liberdade e poder popular, para Bolsonaro democracia é fazer tudo o que pessoalmente lhe conforte e o poder popular se finda nas urnas.

Quarta: O flerte de Bolsonaro com a Ditadura é tão grande, que seu governo já conseguiu o feito de ultrapassar três dos cinco presidentes do período da Ditadura no número de militares que ocupam cargos em sua gestão. Além disso, o próprio presidente chegou a reproduzir vídeo de chamada para manifestações contra o Congresso Nacional.

Bolsonaro não é apenas um sujeito despreparado, egoísta e com dificuldades cognitivas graves, mas alguém com potencial para causar danos irreparáveis ao Brasil, o qual desgoverna e o faz quintal de sua casa.

Por: Maria José Correia (formada em História – UFAC e mestranda em Educação– UFAC)-16 de maio de 2020.

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