sexta-feira, 24 de julho de 2020

TARAUACÁ: NOTA DO SINTEAC


NOTA SOBRE O POSSÍVEL RETORNO AS AULAS

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre Núcleo de Tarauacá, vem, através da sua diretoria, reafirmar que não é a favor do retorno das aulas cogitada pelo governo do Estado do Acre para 8 de setembro.

O quadro que ainda temos no nosso país, estado e município é de ampliação de mortes e contágios de covid-19. Por que aventar a volta às aulas nesse momento de tanta incerteza? Não há dados científicos que permitam tomar essa decisão agora. Ao contrário, com 1.311 óbitos e 59.961 casos confirmados nas últimas 24 horas; 84.082 mortes e 2.228.475 casos confirmados, as previsões não são nada otimistas. A prioridade é a defesa da vida e não o cumprimento de calendário escolar.

Imagina qual distanciamento pode haver com crianças se o contato faz parte do cuidado, assim como as brincadeiras, as interações. As crianças muitas vezes são vetores da doença, embora não as tenham. Sabemos que muitas escolas têm um número grande de alunos em sala de aula. Como é que você vai fazer esse protocolo de distanciamento?

Esclarecemos que o SINTEAC Núcleo de Tarauacá não aceita a volta das atividades presenciais de nenhum setor da educação enquanto a pandemia de covid-19 não estiver controlada, a partir da aferição de órgãos sanitários devidamente reconhecidos.

Não há qualquer expectativa que eventuais medidas dirigidas a promover a volta às aulas estejam amparadas e validadas por orientações emanadas das autoridades sanitárias e validadas em conformidade com os protocolos científicos aceitos internacionalmente.

Para que o retorno seja seguro é preciso achatar a curva, aguardar a diminuição diária do número de adoecidos e de óbitos, melhorar as condições de atendimento na saúde, estabelecer um protocolo seguro e adotar as medidas necessárias para evitar o contágio.

Temos alunos, professores e auxiliares que fazem parte do grupo de risco. Precisamos saber se a escola vai estar preparada para verificar a temperatura de todos os alunos e professores do ambiente escolar, assim como oferecer os protocolos de segurança.

Não se trata apenas de prever um necessário protocolo sanitário (máscaras, termômetros, higienização de todos os espaços), já que no caso específico da Educação há questões emocionais e psicológicas importantíssimas que precisam ser também observadas.

Quais os recursos mínimos e treinamentos serão necessários para que o retorno não implique numa sobrecarga de trabalho e impossibilite os professores em desempenhar suas funções?

O uso de máscara facial por professores, por exemplo, certamente terá impacto na projeção da voz por educadores durante aulas, o que poderá provocar desgaste de cordas vocais e necessita de avaliação e acompanhamento especializado de fonoaudiólogo, por exemplo – e que acredito, não está contemplado em qualquer procedimento de retorno a aulas presenciais anunciado até o momento. Aliás, ainda desconhecemos os protocolos de saúde que serão adotados em um possível retorno as aulas.

Para manter a limpeza, higienização e sanitização das escolas, aquisição de equipamentos de proteção individual, além dos recursos humanos necessários, por exemplo, demandarão meses. Sem contar, questões relativas organização dos ambientes, organização dos períodos, fluxos de entrada, permanência e saída de alunos, servidores e população no ambiente escolar; transporte, alimentação, atendimento da demanda, reorganização curricular, que também demandarão tempo e recursos que a SEE não explicitou como, se e quando ocorrerão.

Os protocolos para retorno às aulas precisam garantir que não haja aglomerações tanto nas salas de aulas quanto nos outros espaços das unidades escolares, como também cuidados com a preparação da escola para receber a todos com higienização intensiva e organização da mesma.

Portanto, o SINTEAC núcleo de Tarauacá defende e luta para que as escolas permaneçam fechadas enquanto não houver segurança sanitária absoluta para professores, gestores, quadro de apoio, alunos e suas famílias, assim também como a diminuição do número de contágios e mortes por covid-19.

Nossa premissa é preservar a vida, sempre. 

Um ano pode ser recuperado.

A diretoria.

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