segunda-feira, 15 de março de 2021

Decisão do prefeito de Epitaciolândia em não adotar decreto de lockdown de fim de semana é comemorada com carreata e fogos



Angélica Paiva, do Notícias da Hora Coluna da Angélica 14 Março 2021

Contagem

Parece que jogaram água fria na fervura de quem já estava em contagem regressiva para a ex-prefeita Socorro Néri (PSB) assumir a Secretaria Estadual de Educação, no lugar de Mauro Sérgio. O atual Secretário que balançava no cargo, ganhou um empurrão com a operação “Pratos Limpos” que apura superfaturamento na compra de sacolões para serem doados para os alunos carentes, mas pelo jeito se reequilibrou. Chegaram a anunciar que ele pediria afastamento do cargo. Pouco depois ele veio a público negar o pedido e permanece firme e forte no cargo. Entre a admiração do governador pela ex-prefeita que teria que sair do PSB para assumir o cargo e o desejo do senador Márcio Bittar (MDB) de controlar a pasta, o fato que Mauro Sérgio não é bobo e não cai...não por essa via.

...regressiva

Em maio de 2020, o PT entrou com uma representação pedindo a apuração de indícios de superfaturamento em compras da Secretaria de Educação. No início de dezembro do ano passado, o deputado Léo de Brito (PT), reforçou o pedido. Ele protocolou representações nos Ministérios Públicos, estadual e federal sobre a suspeita de superfaturamento na aquisição de computadores e nos sacolões para serem distribuídos aos alunos carentes durante a pandemia. Meses antes, o vice-governador Major Rocha (PSL), havia alertado para problemas na execução de recursos públicos federais da Educação. Em um texto intitulado “Quando a corrupção bate à porta”, publicado em sua página no Facebook, Rocha faz uma reflexão: “esses possíveis casos de corrupção ocorreram em um governo que eu apoiei e que tinha como mote fazer diferente daquilo que acompanhávamos em governos anteriores. De minha parte, além da indignação, vergonha e reflexão. Agora a corrupção bateu à sua porta, esperamos uma resposta firme”.

Polêmica

A decisão do prefeito de Epitaciolândia, Sérgio Lópes (PSDB), de não adotar o lockdown de fim-de-semana, decretado pelo governador, causou polêmica. Manter o comércio aberto afeta os municípios colados, Brasiléia e Cobija, que independente das restrições locais não conseguirão evitar a circulação do vírus em seus territórios. Nada impede que as pessoas dos municípios em lockdown busquem o comércio de Epitaciolândia. Sérgio Lópes entende que o fechamento do comércio nos finais de semana só contribui para aumentar a aglomeração nesses locais nos outros dias: “sete mil pessoas frequentam o mercado por semana durante 7 dias. Fechar o comércio só vai fazer com que os mesmos 7 mil continuem a fazer compras nos 5 dias liberados. Restringir a abertura do comércio aumenta em 40% o número de pessoas dentro dos estabelecimentos”. O prefeito deixou de contabilizar o acréscimo de clientes vindos de Brasiléia e Cobija, o que pode aumentar a circulação do coronavírus na região e tornar inócuas as medidas adotadas pelos municípios vizinhos.

...na fronteira

Sérgio Lópes dividiu as opiniões entre os que apoiam a iniciativa e os que o criticam. Em Epitaciolândia uma carreata percorreu as ruas em apoio ao prefeito e o barulho dos fogos da comemoração afligiram os moradores de Brasiléia, onde o decreto estadual foi cumprido. O prefeito afirma que conversou com os comerciantes e acordaram medidas de segurança como a utilização de máscaras e a restrição para que apenas um membro de cada família entre nos estabelecimentos e informou que a população está ciente que se essas medidas não forem cumpridas terá que cumprir o decreto.

Epitaciolândia

Epitaciolândia perdeu seu Secretário de Obras, Antônio Pereira de Aquino, para a covid. Ele morreu no Into onde estava internado. O município está sem vice-prefeito. O vice-prefeito, Antônio Soares (Pros), foi transferido para a capital com mais de 60% dos pulmões comprometidos pela doença. Ele está internado no Instituto de Traumatologia (Into), onde faz uso de Ventilação Não Invasiva (VNI). Na vizinha Brasiléia, onde a prefeita Fernanda Hassem (PT), cumpre o decreto estadual, a população realizou uma carreata contra o lockdown exigindo que Fernanda mantivesse o comércio em funcionamento durante os finais-de-semana. A prefeita se manteve inflexível.

Colapso

O Brasil vem mantendo a média de 1762 mortes diárias por covid. Em Rio Branco, não há vagas nos hospitais para receber pacientes de covid. Filas de ambulâncias foram registradas e servidores da Saúde informam que sem leitos, as ambulâncias estão servindo para acomodar os doentes. Neste sábado (13), onze pacientes aguardavam autorização para serem transferidos para Manaus e Rio de Janeiro, porque não existem vagas nas UTIs do Acre. Segundo os médicos, a situação deve piorar ainda mais até o final deste mês.

...funerário

O médico e cientista, Miguel Nicoléllis, defensor de um lockdown nacional, alerta que se a pandemia continuar sem controle o próximo passo será o colapso funerário, que sucede o colapso da Saúde. De acordo com ele, o número exagerado de cadáveres tende a contaminar o solo e os lençóis freáticos o que provoca infecções bacterianas secundárias que contaminam inclusive a produção agropecuária: “ninguém vai querer comprar a carne brasileira, a soja brasileira...quando se chega a esse nível é o colapso total do país. Colapso sanitário, econômico e social”. A situação é mais grave do que supõe nosso “setor produtivo”.

Saldo

Completamos um ano de pandemia. Contabilizamos quase 300 mil mortos no país e não temos um plano de gestão da pandemia. Não temos vacinas em número suficiente, nem um plano de prevenção. Estamos entregues à própria sorte e nesses casos, a sorte não é uma companheira fiel. O debate irracional sobre as medidas ocupa as cabeças e o tempo enquanto o vírus ceifa vidas dos dois lados. O deputado Silvio Antônio Fávero (PSL-MT), autor de um projeto contra a obrigatoriedade da vacina, morreu de covid numa UTI de Cuiabá. Palavras não vão conter as mortes. A história vai apontar os culpados, mas não ressuscitará os mortos.

Tiro

O Congresso Nacional aprovou na semana passada o Projeto de Emenda à Constituição (PEC 186) que retira dos salários dos servidores e dos investimentos em áreas prioritárias o dinheiro para o pagamento dos juros da dívida pública. Sob a chantagem de não aprovar o auxílio emergencial de R$250 para os totalmente carentes, o governo federal fez aprovar um arrocho inédito. Mesmo em plena pandemia, congelou os salários de médicos, enfermeiros e servidores que estão na linha de frente do combate à covid-19. Os salários dos servidores federais ficaram congelados até 2036 e o dos estaduais e municipais de forma permanente. Militares, legislativo, judiciário e cargos executivos das grandes empresas públicas, onde estão os maiores salários, privilégios e benefícios, ficaram fora do arrocho.

...de misericórdia

O efeito dessa medida será sentido na economia como um todo. Sem dinheiro, a população não compra. Se não comprar quebra o comércio, se o comércio quebrar, os empresários têm seus empreendimentos encolhidos. O chamado efeito dominó atinge as mais diversas áreas, por exemplo, sem concurso público por 15 anos, os cursinhos fecharão. Em tempo, o auxílio emergencial foi achatado para um valor até 7 vezes menor que o programa de 2020 e tem um prazo de validade de 4 meses. Quando o programa acabar, o povo vai ficar sem nada. Sem vacina, sem emprego e sem serviço público. Sem contar que a inclusão de pensionistas no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal vai asfixiar as folhas de pagamento dos estados e municípios. Para equilibrar, os gestores terão que reduzir jornadas e salários, ou seja, demissões à vista.

Passa boi

Primeiro destruíram a CLT e os sindicatos, depois acabaram com a previdência social, agora destroem o serviço público. Onde passa boi, passa a boiada. E no meio dela vem a Reforma Administrativa. As apregoadas “reações do Mercado”, não passam de balela. O Mercado reage mal a qualquer avanço social na periferia. Os jornais da época publicaram por ocasião da abolição da escravidão com o título “Fructos do abolicionismo” (sic), que as ações do Banco do Brasil caíram, todos os papéis de crédito desvalorizaram, a desconfiança era generalizada e o capital se retraiu com a fuga de capitais. As mesmas desculpas se mantêm até hoje.

Crime

O deputado Léo de Brito taxou a PEC 186, erroneamente chamada de Auxílio Emergencial de crime contra o povo e contra o país e disse que o presidente Jair Bolsonaro e o senador Márcio Bittar jogaram milhares de cadáveres na mesa para forçar a aprovação. O parlamentar também taxou de PEC da Chantagem que vai retirar dinheiro para a construção de novas UTIs e congelou também o salário mínimo: “foi uma das maiores traições que fizeram com o povo brasileiro para garantir o lucro dos banqueiros”.

Bom dia, Ronald Polanco, presidente do Tribunal de Contas do Estado. Muito trabalho por aí? Bora botar a boca no trombone?
fonte: noticiasdahora.com.br

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