terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Meningite bacteriana, do cérebro aos rins e o caso Paulinha Abelha


“Os casos de meningite bacteriana são mais graves e precisam ser tratados de forma rápida com antibioticoterapia”, diz o infectologista Marcos Caseiro

Paulinha Abelha luta contra meningite.Créditos: Divulgação

Internada desde o dia 11 de fevereiro em Aracaju (SE), a cantora Paulinha Abelha, da banda Calcinha Preta, continua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo boletim médico divulgado neste domingo (20), seu quadro neurológico é “grave”.

Paulinha foi internada com problemas renais. Depois de três dias, o quadro se agravou e ela foi transferida para a UTI, quando passou a fazer diálise, procedimento que visa retirar substâncias tóxicas que ficam retidas no organismo quando os rins deixam de funcionar normalmente.

Em seguida, foi diagnosticada com uma bactéria no cérebro, quadro conhecido como meningite.

As meningites podem ser virais ou bacterianas. São infecções das meninges, grupos de estruturas que envolvem o sistema nervoso central.

A meningite, no Brasil, é classificada como uma doença endêmica grave, ou seja, casos são esperados ao longo de todo o ano. As bacterianas são mais comuns no inverno e as virais no verão.

“Nós temos três meninges: dura-máter, aracnoide e pia-máter. A inflamação nesses envoltórios do sistema nervoso central provoca o que nós chamamos de meningite. Podem ser causadas por bactérias, vírus ou fungos”, explica o infectologista Marcos Caseiro.

“Algumas tem transmissão respiratória. No caso da meningocócica, a bactéria fica alojada na garganta. Eventualmente, ao tossir, a pessoa pode eliminar essa bactéria e contaminar outra”, informa.

De acordo com o médico, como as bactérias vão para o cérebro é uma das grandes discussões. “As outras meningites bacterianas mais comuns, hemófilos e penumococo, têm mecanismos de romper barreiras, como por meio de um abscesso dentário, sinusite, lesão em região facial. Ou seja, por contiguidade podem acometer o sistema nervoso central”, afirma Caseiro.

Ele revela que normalmente as bacterianas, caso de Paulinha, são as mais graves e se não tratadas de uma forma rápida com antibioticoterapia, a mortalidade é de 100%. A sobrevida e as complicações estão relacionadas à velocidade com que são feitos o diagnóstico e a instituição de antibioticoterapia.

“O que é importante é que algumas meningites são muito graves. Podem se disseminar rapidamente, causar uma septicemia e levar a uma insuficiência renal”, alerta o infectologista.
Vacinas podem prevenir meningites bacterianas

Caseiro ressalta que existem vacinas para prevenir as meningites bacterianas e estão no calendário vacinal infantil.

“Todas as três principais meningites bacterianas têm vacinas. Adultos, normalmente, não tomam essas vacinas. Obviamente, ficam desprotegidos, ainda que não seja comum em indivíduos com mais idade”, completa o médico.
Fonte: https://revistaforum.com.br/

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