domingo, 10 de abril de 2022

Gladson X Mazinho, Vagner X Rocha, Narciso X JV: NH relembra inimigos que viraram aliados na política acreana



Luciano Tavares, do Notícias da Hora 10 Abril 2022

A frase “a política é dinâmica”, atribuída ao ex-prefeito e ex-deputado Luiz Pereira, o “filósofo do Abunã”, soa como uma profecia no atual momento no Acre, ano de eleições.

Inimizades e intrigas públicas, algumas das quais históricas, viraram alianças aparentemente inseparáveis.

Quatro diferentes guerras na vida pública que acabaram em paz ou em um cessar fogo são a prova de que o inimaginável não existe na política. Dois desses casos são parte do atual contexto e movimentaram recentemente o meio político: o primeiro bem visível, a reconciliação entre o prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim, e o governador Gladson, que virou manchete de jornais; o segundo com pouco destaque, mas que merece igual menção também é parte de um álbum de pacificação: a convivência partidária entre Vagner Sales e o vice-governador Major Rocha, ambos agora correligionários no MDB.

Verborrágico, Mazinho cansou de chamar Cameli de mentiroso publicamente e jurar amor ao seu agora ex-aliado, senador Sérgio Petecão (PSD), pré-candidato a governador.

Há um mês, Mazinho mudou de ideia sobre o governador do Acre. Mazinho e Gladson agora são aliados de primeira hora. O prefeito de Sena Madureira diz que águas passadas não movem moinhos e que quer viver um belo futuro com Cameli reeleito governador.

Quando Jorge Viana foi governador do Acre, entre 1999 e 2006, seu principal e mais ferrenho opositor era o empresário e ex-deputado Narciso Mendes.

Narciso costumava, com seu jeito peculiar de narrar fatos, veicular sérias denúncias em sua emissora, a TV Rio Branco, contra o governo de Viana em um contexto em que pouca gente ousava enfrentar o governador do PT e seu governo.

O termo “saúde de primeiro mundo” foi uma invenção de Narciso e atribuída aos Viana com o objetivo de desgastar os governos do PT.
Anos depois, o próprio empresário disse no Papo Informal, do Notícias da Hora, que a frase foi uma espécie de mentira repetida que virou uma verdade.

O extinto MDA (Movimento Democrático Acreano) é um dos casos mais emblemáticos de aproximação política com o esquecimento de graves denúncias, acusações e troca de insultos: a conta Flávio Nogueira, atribuída a Flaviano Melo, bem como da revelação de uma farra homérica do então governador ocorrida no Rio de Janeiro, foi intensamente explorada por Narciso Mendes.

Enquanto deputado estadual de oposição a Nabor, Narciso rotulava o ex- governador de Ratito Kid. Uma foto de Narciso dançando em cima da bancada no plenário da Aleac também foi motivo de escândalo explorado por seus adversários. Porém, na primeira reunião para formação do MDA, todos estavam calados, até que o próprio Narciso, na frente daqueles que até aquele momento eram seus adversários, tomou a iniciativa de introduzir a reconciliação ao dizer:
“Aqui todo mundo bateu e todo mundo apanhou. Então vamos passar a borracha no passado e bola pra frente”.

Major Rocha e Vagner Sales são aliados hoje, porém há pouco tempo era inimaginável ambos no mesmo palanque de mãos dadas.

Foi Rocha, à época deputado federal, quem denunciou na campanha eleitoral de 2016 o grupo político do ex-prefeito Vagner Sales de tentar comprar candidatos a vereador que disputavam a prefeitura contra o na época candidato a prefeito de Cruzeiro do Sul pelo PSDB, Henrique Afonso.

A denúncia feita pelo militar, então presidente do PSDB, à Justiça Eleitoral, com áudios gravados por um candidato a vereador na qual o ex-prefeito lhe oferece dinheiro e um futuro cargo para que ele desistisse da disputa, resultou na cassação dos direitos políticos de Sales.
A contenda entre Rocha e Sales foi, provavelmente, a que mais gerou dano político a um dos envolvidos. Até hoje, Sales é inelegível por causa da denúncia de Major Rocha.

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