segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Terremoto ameaça toda a Amazônia


O Acre também pode ser vítima do terremoto de sete graus na escala Richter que atingiu o Haiti na semana passada, matando mais de sete mil pessoas, deixando milhares de cidadãos desaparecidos e destruindo quase 90% dos prédios e casas.
O motivo para que o evento natural possa se repetir é que a mesma placa mexicana de Nazca que passa pelo país destruído também atinge o Brasil, passando por baixo da placa Sul-Americana. As duas estão em constante movimentação que causa atrito, liberando energia ou tremores que foram sentidos e noticiados no Acre entre 2002 e 2008. 
Segundo o geógrafo Claudemir Mesquita, a intensidade de um terremoto em nossa região pode ser maior ou menor que o haitiano. “Não sentimos tanto os tremores, porque possuímos centros urbanos que estão espalhados, e a maior parte dos tremores ocorreram em zonas que não eram habitadas”, explicou o especialista.
Claudemir lembra que a região entre Brasiléia e Assis Brasil já foi atingida pelas movimentações de terra há cerca de cem anos, ocasionando as ladeiras, ou seja, os morros. “Antes, aquela região era uma planície, mas o choque das duas placas, que ficam uma sobre a outra, gerou todas as ladeiras e montanhas. Os Andes continuam a crescer por conta disso”, afirmou o especialista.
Um ponto positivo para que não tenha ocorrido destruições graves e mortes até o momento se deve ao solo argiloso brasileiro. “Como o nosso solo é argiloso, ou seja, plástico e como a maior parte dos tremores ocorrem em área de floresta ainda não tivemos desastres, mas é possível verificar algumas rachaduras no solo em algumas áreas afetadas”, detalhou o geólogo.

Mesmo com a terra capaz de absorver parte do impacto, Cruzeiro do Sul foi atingida por tremores em 2008, Rio Branco também foi atingida por abalos entre 2002 e 2003 que chegaram ao antigo prédio do Banacre. “Como esses tremores podem ser maiores, a população precisa ser alertada para que possamos investir em prevenção”, justificou Claudemir.

Construções

De acordo com o especialista, nossas construções atuais não estão preparadas para o impacto de um sismo, o que faria de vítima todos os acrianos.

“Acontece que nem todos possuem dinheiro para investir em prevenção, então não é gasto dinheiro em uma base estrutural boa para a absorção do impacto, com isso acabamos construindo casas que não conseguiriam agüentar tremores”, disse o geólogo.

Alerta

Um tremor pode ocorrer a qualquer momento, deixando o Estado sem comunicação com o resto do mundo. A exemplo do Haiti, estradas e pontes poderiam ser afetadas. O fornecimento de água e energia também teriam o mesmo destino do haitiano, ou seja, a interrupção.

No país vítima do tremor, nem os hospitais ficaram de pé, e nem os prédios governamentais conseguiram resistir, acabando com uma lógica de atendimento público que poderia ser utilizado para abrigar os feridos. Os mortos foram enterrados em uma vala comum para que os corpos, em decomposição, não pudessem causar doenças nos que continuam vivos.

Diferente dos furações, em que especialistas conseguem prever com antecedência, os abalos sísmicos só podem ser constatados no momento do fenômeno, medindo a intensidade também na hora do abalo. “Como não há formas de detectar com antecedência, precisamos de nos prevenir para evitar o pior”, confirmou Claudemir.

Terremoto

Os primeiros estudos para se detectar e medir os abalos sísmicos foram desenvolvidos em 1935 por Charles Francis Richter e Beno Gutenberg no oeste dos Estados Unidos.

Na época, os especialistas construíram uma escala para medir os abalos, tendo registrado tremores de zero a nove, mas os estudiosos mantiveram a escala em aberto, pois acreditam que possa existir sismos maiores e menores que os já documentados.

Segundo a escala Richter, um terremoto de até 3,5 é registrado apenas pelo aparelho chamado sismógrafo, mas entre  3,5 e 5,4 já podem causar danos. A amplitude de um abalo de seis graus é dez vezes superior ao de cinco.

(Freud Antunes)

fonte: A tribuna

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