quarta-feira, 19 de novembro de 2014

“As mães não querem mais filhos poetas.” Hilda Hilst
O mundo não quer mais poetas. Precisa-se de homens práticos não importa se de terno e gravata importa-se tecnocratas. O céu é azul – oh verdade estúpida – as andorinhas voejam as estrelas estrelam mas os olhos sumiram para as belezas invisíveis. O mundo é só uma tela de cristal. No mar de luz imerso floresce a cegueira dos que tudo vêem. Vida nua. Poetas sem teto na rua. É apenas um astro a lua. No caminho de casa encontro todo dia o “bicho-homem” de Bandeira que me faz sentir estrangeiro ante a minha própria indiferença de brasileiro. Avante homens práticos. Marchem. Não gozem. Não relaxem. Ergam arranha-céus – os mais perfeitos mausoléus –. Na minha rua há uma igreja enquanto o padre oferece o divino Corpo de Cristo bem a sua frente outras menos afortunadas (quem sabe) oferecem o ardor lascivo do corpo humano em chamas. Quem suportaria tantos clamores? Vi Deus fugir de sua prisão enfastiado de anjos e santos e nenhum demônio. Agora Deus é ora um louco, ora uma criança: todos fingem ouvi-lo, mas ninguém o leva a sério. O absoluto tornou-se obsoleto. Sequidão: a última gota de orvalho Debate-se contra o mármore e o asfalto quente. Verdade: o poeta é apenas outro pobre animal carente, de si, eterno descontente!

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