sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Gestante de Santa Rosa perde filho após esperar mais de 24h por atendimento adequado

Da Redação NH 03 Setembro 2020

Uma grávida de 25 anos natural do município de Santa Rosa do Purus perdeu a criança depois de esperar mais de 24 horas por atendimento médico especializado na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco. De sua entrada no hospital de Santa Rosa até a chegada à capital foi quase um dia e meio de muito sofrimento para a jovem e a família, moradora de um seringal distante um dia de viagem às margens do rio Purus. 

De acordo com familiares que procuraram a reportagem do Notícias da Hora, a responsabilidade pela demora ocorreu mais pelos médicos do único hospital da cidade, que só solicitaram a transferência após perceberem que a mulher não teria condições de realizar um parto normal, sendo necessária uma cirurgia cesariana.

O município de Santa Rosa do Purus só tem acesso à capital via aérea e sofre com a carência de assistência hospitalar, A cidade não conta com especialistas como ginecologistas ou obstetras. O atendimento à gestante foi realizado pelos dois clínicos-gerais que atuam na cidade. Santa Rosa só conta com um profissional; o outro é médico dos quadros do Exército - que tem um pelotão de fronteira no município - e também realiza consultas no hospital.
Francisca Luziane Nascimento da Silva deu entrada no Hospital da Família de Santa Rosa às 4h da manhã de terça, 1 de setembro, para dar início ao trabalho de parto. Desde o começo, contudo, a paciente já dava sinais de não ter condições de dar à luz sem a necessidade de cirurgia. Mesmo assim os médicos insistiram em realizar um parto induzido, mas sem sucesso.

Percebendo já não haver condições de seguir com o procedimento, decidiram acionar a Secretaria Estadual de Saúde em Rio Branco para solicitar a transferência dela para a maternidade de Rio Branco às 14h de terça. A família também reclama da demora por parte da Sesacre em atender ao pedido, ocorrendo após apenas muita pressão junto à chefia da pasta.

A aeronave só chegou ao município às 10h45 da manhã de quarta, 2. e sendo iniciado o atendimento na capital às 13h. Segundo a família, o atendimento já tinha ocorrido tarde pois a criança (uma menina) estava sem vida. Ela foi retirada da barriga da mãe às 14h. Além da morte da criança, a mãe também teve o útero comprometido, o que levou os médicos a realizar a retirada.

De acordo com moradores de Santa Rosa do Purus, situações como essa são comuns no município pela falta de atendimento médico de média e alta complexidade. Muitas mulheres são obrigadas a fazer o parto normal pela falta de especialistas e equipamentos, o que acaba provocando a morte do bebê, quando não também da mãe.

A reportagem aguardo uma posição da Secretaria de Saúde para comentar a situação com a jovem, que estava em sua segunda gravidez.

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