Essa “novela” que se criou em torno do cancelamento do festival de praia em Tarauacá, pela administração, nos permite, na minha humilde e sincera opinião, tirar algumas conclusões.
A Prefeita Marilete tem tido um “cuidado exacerbado” em não gastar dinheiro público em ações que ela pessoalmente considera desnecessário. E esse lance de atividade cultural me parece que entra nesse pensamento. Vou nem falar do esporte.
Iniciou pelo cancelamento do carnaval, a maior festa popular do país, que trás um aquecimento inestimável para a economia do município.
Depois, a festa de aniversário da cidade que foi realizada de forma muito “econômica” e aquém, do que nossa cidade e nosso povo merecem.
A Secretária Deise Figueiredo teve uma excelente ideia e tentou “ajeitar” um “forrozim” para animar a feira dos produtores rurais nas manhãs de domingo no mercado público, o que também não rolou (tem que pagar cantor, alugar som e outras estruturas).
“Sabadão Cultural” realizado na Praça Valério Caldas pela Secretaria de Cultura, já estava “pegando” sempre com uma apresentação de um artista local, um cachê simbólico, também não rolou mais.
O “arraial cultural” que seria realizado em frente a prefeitura já foi adiado algumas vezes.
O cancelamento do festival de praia, que gerou essa polêmica, é aquilo que costumamos chamar de “juntar a fome com a vontade de comer”.
A prefeita já não tava lá com muita vontade de gastar dinheiro com festa, especialmente na praia, que como diria meu amigo João Maciel “dá um trabalho da porra e é caro”. Aí os caras das forças de segurança começaram a dizer que estavam preocupados, pois, não havia efetivo suficiente para cobrir um evento desses com total segurança (tudo registrado em áudio pelo repórter da assecom Ivo Roberto). Aí alguns vereadores presentes, incluindo uns da frente popular, se manifestaram a favor do cancelamento da festa. Era tudo que Marilete queria. Os homens da segurança preocupados por causa da falta de efetivo e vereadores de oposição favoráveis ao cancelamento. Aí meu caro, nossa querida prefeita, não pensou duas vezes. Cancelou Geral.
Até aí tido bem. Uma decisão conjunta da prefeita com representantes da Polícia Militar, Civil, Bombeiros, Secretários Municipais e Câmara. Justo. Preocupados com a situação financeira do município que realmente não tá de brincadeira, onda de violência, ... a prefeitura poderia muito bem ter anunciado a suspensão e dividido a responsabilidade com os convidados representantes de instituições importantes.
O que causou mesmo toda a polêmica e revolta foi a argumentação da prefeita atribuindo o cancelamento, única e exclusivamente por orientação das forças policiais e que a cidade vivia um clima de insegurança.
Aí, mesmo sem intenção, a mulher “tocou terror” nos homens da lei que reagiram rápido, deu moral para a bandidagem, colocou vasto material bélico nas mãos da oposição, frustrou a maioria dos membros da administração e desanimou o povo que foi para as ruas na última eleição e lhe deu uma vitória esmagadora contra seus adversários.
A segunda lição é que no sistema politico atual, onde o jogo é bruto, não há lugar para amadores. Às vezes, apenas uma frase “atrapalhada” vira uma guerra. Adversários políticos de Marilete aproveitaram pra fazer a festa. No governo municipal, todos podem fazer “besteiras”, mas, que pega a “porrada” é a prefeita.
A terceira lição que podemos tirar dessa situação é que, em que pese tudo isso, a população mesmo movida por seja qual for o sentimento, está mostrando que tem capacidade de se mobilizar e fazer frente aos problemas que a cidade atravessa.
Um grupo de pessoas insatisfeito com a decisão da prefeita está se mobilizando para realizar o festival. Parece-me que vão organizar uma festa melhor que se fosse só a prefeitura. Na politica e nos negócios, crescem aqueles que com sabedoria ocupam os espaços vazios deixados pelos concorrentes.
Quarta lição – A prefeita como líder maior da cidade, é quem deveria estar mobilizando empresários, políticos, funcionários públicos, voluntários para realizar evento.
Por último, o festival de praia realizado durante o verão pode ser só um pequeno palco e um cantor mandando uma “pisadinha”, mas, o povo quer dizer que sua cidade está realizando um festival. Esse é o entendimento. O povo quer ir para a praia se bronzear, se divertir e tirar fotos.
Os tarauacaenses que moram em Rio Branco e em outras cidades estão só esperando o barulho começar para reverem nossa cidade e nossas belas praias, gastar uma grana e aquecer um pouquinho nossa economia.
Nossa prefeita precisa fazer umas ruas, arrochar umas obras de saneamento, confiar mais no seu pessoal ou trocar os que ela não confia e decidir as coisas de forma mais “humanizada”.
Marilete tem sido bem intencionada, honesta com o dinheiro público e de certa forma cuidadosa em não gastar nosso dinheiro com ações que não sejam de primeira necessidades do povo.
Mas só isso não basta. Tem que assumir sua condição de prefeita, mobilizar a cidade e trabalhar para o povo.
Ainda há tempo
Sou Raimundo Accioly
Professor e comunicador.
Um dos 8,589 ELEITORES que votou em Marilete e torce para que seu governo possa dar certo.