Como se diz na linguagem popular, “a CPI da Petrobras terminou em pizza”, mas nem todos os parlamentares e partidos políticos aceitaram o relatório final da Comissão apresentado pelo deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), que isentou de culpa os principais personagens citados como envolvidos no escândalo de desvio de recursos da estatal no escândalo para financiamento de campanhas eleitorais.
O deputado Major Rocha (PSDB-AC) é um dos parlamentares inconformados com a comissão que apenas desperdiçou dinheiro do contribuinte, sem apresentar resultados práticos. O tucano participou da elaboração voto em separado na CPI da Petrobras que propõe o indiciamento de vários políticos supostamente envolvidos, entre eles, os acreanos Sebastião Viana (PT) e Gladson Cameli (PP).
“Apresentamos um voto em separado ao relatório da CPI da Petrobras com o pedido de responsabilização dos citados no maior escândalo de desvio de dinheiro público da história brasileira. Queremos o indiciamento do ex-presidente Lula e da presidente Dilma, do governador do Acre Sebastião Viana e do senador Gladosn Cameli, entre outros envolvidos”, diz Major Rocha.
Segundo o tucano, o relatório apresentado por um parlamentar do PT isentou os principais personagens do escândalo e colocou em dúvida o instituto da delação premiada, adotado nas investigações da operação Lava Jato, além de colocar em xeque o papel dos deputados nas investigações das comissões parlamentares de inquéritos constituídas na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Rocha informa que o voto em separado do PSDB é favorável a instauração de inquérito penal e civil contra José Dirceu, Antonio Palocci, Guido Mantega, Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e Edinho Silva. Os argumentos do voto em separado são sustentados por depoimentos prestados à comissão de inquérito e à Justiça, provas documentais e inquéritos da Polícia Federal, e por provas periciais.
O deputado destaca que “o voto em separado do PSDB responde a 13 questões essenciais não tratadas pelo relator da CPI. As provas demonstram, por exemplo, que o Palácio do Planalto tinha conhecimento do esquema de corrupção. Um exemplo foi a doação que Sebastião Viana recebeu de uma das empresas envolvidas no escândalo, após fazer um pedido de ajuda ao presidente nacional do PT, por recursos para financiar sua campanha política no Acre”.
Sobre o suposto envolvimento do senador Gladson Cameli, num esquema de mesada que teria sido distribuída a parlamentares do PP, Rocha afirma que o senador acreano precisa ter a chance de provar que é inocente, mesmo sendo citado por um dos delatores, como possível beneficiário “da ajuda de campanha que era dividida entre os parlamentares do Partido Progressista”.
Rocha destaca que Viana e Cameli, são citados no voto em separado do PSDB como participantes do núcleo político da organização criminosa, tendo em vista os elementos fáticos neste registrados no relatório expostos, notadamente a prática de condutas tipificadas na Lei no 12.850/13 (Organização Criminosa), na Lei no 9.613/98, com as alterações da Lei no 12.683/12 (Lavagem de Dinheiro).
“Os indícios apontam envolvimento em Corrupção Passiva e Improbidade Administrativa. Portanto, é necessário que as investigações sejam aprofundadas para coleta de provas na persuasão penal já deflagrada, bem como seja insaturado inquérito policial. Não podermos passar a mão na cabeça de ninguém, quando a questão é a corrupção. Os culpados precisam ser punidos”, finaliza Rocha.
Na lista dos citados no voto em separado do PSDB, os nomes do governador do Acre, Sebastião Viana (PT) e o do senador Gladson Cameli (PP) aparecem próximo ao do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que enfrenta uma enxurrada de denúncias de envolvimento em esquemas de corrupção, por omitir contas no exterior com valores expressivos.
Ray Melo, da editoria de política de ac24horas – raymelo.ac@gmail.com