Uma base da Fogàs entrará em operação em Rio Branco, finalmente, em 2 meses. Com isso, toda a produção industrial do gás de cozinha, inclusive a embalagem do GLP, será feita na capital acreana. A informação foi oficializada em primeira mão na última sexta-feira pelo diretor-superintendente da empresa em Manaus, Jonathan Bechimol, à deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB). Há cerca de um ano e meio a deputada vem acompanhando o desfecho dos investimentos anunciados pela Fogás no Acre, na ordem de R$ 10 milhões.
A obra, planejada em 2009 e iniciada no ano passado, vislumbra a pavimentação da BR-364 até Cruzeiro do Sul e em face ao crescimento econômico do estado pela integração latino-americana (rodovia para o Peru). Ou seja, segundo a notícia oficializada pela Fogás à deputada, com o asfaltamento dos 80 quilômetros que restam para interligar definitivamente Rio Branco a Cruzeiro do Sul ainda este ano, o tempo de transporte do GLP até o Vale do Juruá cairá de 40 dias para 48 horas.
“Na verdade, atualmente, o transporte do gás pela calha do Rio Juruà (Feijo, Tarauaca, Cruzeiro do Sul, Mancio Lima, Porto Walter, e Thaumaturgo) é feito a partir de Manaus. De fato, são, em média, 40 dias até Cruzeiro do Sul. A embalagem do produto em Rio Branco vai facilitar a sua retirada na própria capital e o seu transporte, via BR-364, pelos fornecedores da região”, afirmou Jonathan Bechimol. Questionado pela deputada se o preço do gás vai cair, o diretor da empresa disse que “esta é uma tendência natural”.
“Desde que haja um abastecimento continuo, sem racionamento e com a possibilidade de barateamento de preços, creio que esta conquista, de todos os consumidores acreanos, deve ser comemorada, especialmente nas cidades do Juruá que enfrentam restrição de navegação durante um longo período do ano”, disse Perpétua Almeida.
O diretor-superintendente da Fogás disse à deputada que já houve a contratação de aproximadamente 40 funcionários adicionais que irão trabalhar na unidade de Rio Branco. A base da Fogás irá propiciar a utilização do pequeno granel para fazer abastecimento de clientes em estabelecimentos comerciais e industriais.
Controle de qualidade
Nesta semana, a deputada Perpétua Almeida reuniu, em Rio Branco, o sindicato dos revendedores de combustíveis, promotores de justiça, representantes da Ufac e o chefe do escritório da Agência Nacional do Petróleo em Manaus, Noel Santos. A intenção convencer a ANP a montar um laboratório próprio também na capital acreana, o que facilitaria os ensaios de qualidade do combustível comercializado no Acre. A aferição era realizada na Universidade Federal de Rondônia (Unir), mas o contrato com a instituição foi rescindido. O apelo da deputada, respaldado pelos empresários do setor e consumidores, está sendo estudado pela agência.
Histórico
Na década de 60 (ainda no século XX) o GLP era transportado embalado em barcaças de Manaus para Rio Branco-AC em viagens médias de 45 dias para ir, e um pouco menos para retornar. O transporte via rios Purus e Acre era ainda mais complexo, sendo necessário, à época, efetuar descarga em Boca do Acre para seguir viagem rodoviária para Rio Branco.
Havia situações de atraso de balsa devido a vazante do rio que levaram a população do estado a ficar sem produto e havia reclamações constantes por parte dos consumidores.
Isto significou que na década de 80 a Fogás passou a enviar o GLP envasado em barcaças de Manaus para Porto Velho-RO e de lá estes vasilhames eram transportados por via rodoviária para Rio Branco, sendo que a rodovia era muito precária à época. Naquela ocasião a BR-364 ainda não era totalmente pavimentada e apresentava problemas de tráfego.