segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Novo Código Penal está pronto para votação na CCJ


Poderá ser votado a partir das 9h desta quarta-feira (17), na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o PLS 236/2012, que institui o novo Código Penal. O texto em exame prevê penas maiores para crimes contra a vida e a instituição de um sistema mais rigoroso de progressão de regime, impondo ao condenado por crime mais grave tempo maior em regime fechado nos presídios.
O substitutivo elaborado pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) tem por base relatório do senador Pedro Taques (PDT-MT) aprovado por uma comissão especial de senadores, que se debruçou sobre o anteprojeto elaborado por uma comissão de juristas instalada em 2011 no Senado, com o objetivo de atualizar o Código Penal, que é de 1940.
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Pedro Taques (E), relator do projeto na comissão especial, e Vital do Rêgo (D), relator na CCJ

Na última quarta-feira (10), Vital do Rêgo apresentou na CCJ uma síntese de seu substitutivo, destacando atualizações na lei penal, como a inclusão de novos capítulos, para tratar de crimes contra a humanidade e contra o Estado democrático de direito. Ele explicou que o PLS 236/2012 revoga a Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983), sem prever a sua substituição.
— Mesmo essa lei sendo considerada um entulho ditatorial, não se pode simplesmente deixar de criminalizar algumas condutas, como, por exemplo, a tentativa de golpe de Estado, cuja punição é exigida na Constituição. Decidimos, por isso, incluir um novo grupo de crimes, encampando o trabalho de outra comissão de juristas, que já se debruçara sobre o assunto no passado — frisou o relator, ao apresentar seu voto.
Rigor contra a corrupção
Ainda entre as mudanças sugeridas no substitutivo, Vital destacou a responsabilização penal da pessoa jurídica. O texto determina que uma empresa pode responder criminalmente por atos de seus diretores ou administradores.
Também tipifica o crime de enriquecimento ilícito do servidor público, prevendo pena de prisão de dois a cinco anos e o confisco dos bens. E aumenta de dois para quatro anos a pena mínima para condenados por corrupção, seja ativa ou passiva, mantendo a pena máxima em 12 anos.
Crimes hediondos
O projeto leva para o Código Penal a previsão de crimes hediondos relacionados na Lei 8.072/1990, que não permitem fiança ou anistia. Também amplia a lista para incluir corrupção ativa e passiva, peculato e excesso de exação (crime praticado por servidor que desvia recursos públicos em proveito próprio).
Sugere, ainda, passar à condição de hediondos os crimes de racismo, de tráfico de drogas e de financiamento ao tráfico de drogas, de tráfico de seres humanos, de terrorismo e de redução à condição análoga à de escravo.
Após passar pela CCJ, a matéria segue para votação em Plenário, seguindo então para a Câmara dos deputados.

DESABAFO

Anibal Diniz vai virar o segundo homem forte do Ministério das Comunicações de Dilma

Anibal Diniz vai virar o segundo homem forte do Ministério das Comunicações de Dilma
Ao ter a confirmação do novo cargo que vai ocupar no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Anibal Diniz (PT) escreveu um artigo, onde faz um verdadeiro desabafo sobre as especulações que cercaram sua ausência nas plenária do Partido dos Trabalhadores e na apresentação dos novos secretários escolhidos pelo governador do Acre, Sebastião Viana (PT).
Anibal Diniz demonstra ainda alívio por não ter ido para o confronto contra Gladson Cameli. “Até porque, se tivéssemos bancado a minha candidatura ao Senado e tivesse acontecido o segundo turno, como de fato aconteceu, seríamos inevitavelmente responsabilizados por tal situação e teríamos passado a ideia de arrogância e estreiteza política diante dos dirigentes da FP e da sociedade”.
Segundo informações de pessoas do grupo político de Anibal Diniz, ele foi convidado pelo futuro ministro das comunicações, Jaques Vagner (PT), derrotado na disputa pelo governo da Bahia, para ser secretário executivo das comunicações. Diniz será o segundo mais poderoso na pasta, cargo ocupado por Luiz Gushiken, que faleceu em setembro de 2013.
O petista diz que foi impossibilitado de marcar presença na plenária de avaliação das eleições, realizada pelo PT, em Rio Branco, porque assumiu o compromisso passar meu aniversário de 52 anos com a esposa e as filhas. Diniz destacou que a vitória do PT só não foi maior “porque entraremos a legislatura de 2015 a 2018 com apenas um senador, depois de 16 anos com duas das três vagas”.
Para minimizar a derrota da comunista Perpétua Almeida, na disputa por sua vaga no Senado, Anibal Diniz exaltou as reeleições da presidenta Dilma Rousseff e do governador Sebastião. Ele destaca ainda o aumento de 50% da bancada federal do PT e 66% da bancada estadual, “não há dúvida de que fizemos a opção certa em não termos candidatura própria ao Senado”.
O senador segue a mesma linha adotada pelo governador Sebastião Viana, que em entrevista evidenciou que sacrificou a vaga no Senado para poder conquistar o governo do Acre. “Ganhar o Governo do Estado pela 5ª vez consecutiva é o que há de mais importante a ser comemorado pelos petistas acreanos. Ampliar a nossa bancada na Câmara e na Assembléia foi sem dúvida um grande feito”.
Apesar de o PT e sua militância fazer uma campanha de ataques impiedosos aos seus adversários, Anibal acredita que seu partido foi “vítima do terror e do ódio espalhados pelos adversários associados aos grandes meios de comunicação, o PT teve suas bancadas diminuídas na maioria dos estados. Em Pernambuco, por exemplo, nosso partido não elegeu um deputado federal sequer”.
Tratado pelos adversários como o herdeiro do mandato de Sebastião Viana no Senado, Anibal agradece a Viana “pela confiança de ter-me aceito como seu suplente em 2006; agradeço ao senador Jorge Viana e ao ex-governador Binho pelas oportunidade que me deram em seus governos, agradeço aos companheiros do PT que sempre me deram voz e vez”.
O petista não faz declarações sobre seu cargo em nível nacional, mas diz que continuará ajudando o PT, orando para que o governador Sebastião Viana seja abençoado para vencer as dificuldades e fazer. Ele aproveita e dá um puxão de orelhas no secretariado de Viana, pedindo “justiça social, mais atenção da equipe de comando com as pessoas e mais solidariedade e entre os companheiros”.
Ray Melo, da editoria de política de ac24horas – raymelo.ac@gmail.com

Saiu o listão do sebastião viana

Confira a lista completa da nova equipe de governo de Sebastião Viana

Confira a lista completa da nova equipe de governo de Sebastião Viana

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Sebastião Viana acaba da apresentar seu novo secretariado. Nada tão novo e não tão velho. O petista, é verdade, mudou algumas peças, agradou parte dos aliados, manteve caras cansadas, mas não abriu mão de sua tropa de choque, os que o acompanham há tempos.
PEDRO INA grande surpresa da lista de assessores de Sebastião Viana (PT) para este segundo mandato não é Carioca na secretaria de assuntos institucionais e nem a permanência de Flora Valadares na secretaria da fazenda, mas sim o juiz aposentado Pedro Longo, que assumirá o comando do Instituto de Meio Ambiente do Acre. Presidente do PSL, Longo que entrou a pouco tempo na política partidária desbancou alguns nomes que ficaram de fora.
A nova equipe de Sebastião tem uma mescla de perfil técnico com político. O temido e odiado Francisco Nepomuceno, o Carioca, novo secretário de Articulação Institucional, é a cara fiel dessa mistura. Ele será, agora investido do cargo, o cara do não ou do sim nas mesas de negociações.
José Carlos dos Reis, candidato a deputado estadual derrotado na eleições de outubro passado, assume a Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap), com Fernando Melo como adjunto.
Leonildo Rosas deixa a Secom e será Porta Voz do governo. No lugar dele vai comandar a pasta da Comunicação, a jornalista Andréa Zilio, que terá Astério Moreira, como sub-secretário depois que se despedir da Aleac em 31 de janeiro.
O procurador do Estado, Armando Melo, que hoje é secretário de Administração, irá comandar a Saúde, como já antecipou ac24horas. Sawana Carvalho deixa o Detran para comandar a SGA. No lugar de Sawana no Departamento Estadual de Trânsito assumirá Gemil Junior, ex-gerente da Amazongás, membro da Batista do Bosque, indicado do pastor Agostinho e do deputado federal eleito Alan Rick (PDT). O pastor Agostinho, aliás, teve o poder de indicar também o Jamyl Asfury, hoje deputado pelo PEN, que não conseguiu se reeleger, mas irá comandar a Secretária de Habitação do Estado.
A procuradora Lídia Assis, esposa de Henrique Corinto, candidato a deputado estadual pelo PC do B derrotado nas últimas eleições,
vai chefiar a PGE e Cristovam Moura será seu adjunto.
Emilson Farias deixa a Polícia Civil e vai para Secretaria de Segurança Pública.
Já o pastor Henry Nogueira vai comandar a Secretaria de Pequenos Negocios no lugar de Silvia Monteiro. Henry apesar de ser do PDT não é da cota do partido. Ele é indicação pessoal de Sebastião Viana.
Marco Brandão permanece na Secretaria de Educação, com Moisés Diniz como secretário adjunto.
Edgar de Deus continua como secretário de Meio Ambiente.
O Instituto Sócioeducativo, o Ise, será comandado por Rafael Almeida, candidato derrotado nas eleições pelo PSDC.
Da cota do PC do B, o ex-todo poderoso Edvaldo Magalhães deixa o status de supersecretário de Indústria e Comércio para ser diretor-presidente do Depasa no Estado ao lado de seu colega de partido Felismar Mesquita que vai dirigir o órgão em Rio Branco.
Martin Hessel, que assumiu o Iapen há quatro meses, continua no espinhoso cargo.
O deputado Elson Santiago (PEN), candidato a deputado derrotado em outubro, assume o cargo de assessor especial.
Flora Valadares, mulher de confiança de Sebastião, permanece como secretária de Fazenda, e Márcia Regina continua Chefe da Casa Civil.
Coronel Aires será o chefe do Gabinete Militar.
Confira os nome dos ungidos:
SECRETARIA DE ESTADO DA CASA CIVIL – CASA CIVIL
Márcia Regina de Souza Pereira
PORTA VOZ DO GOVERNO
Leonildo Rosas Rodrigues
ASSESSORIA DE ASSUNTOS INDÍGENAS
José de Lima Kaxinawá (Zezinho)
ASSESSORIA DE JUVENTUDE
Weverton Matias
GABINETE MILITAR
Cel. Raimundo Nonato AIRES da Silva
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO – PGE
Maria Lídia Soares de Assis
DEFENSORIA GERAL DO ESTADO – DPE
Fernando Morais
POLÍCIA MILITAR DO ACRE – PMAC
Cel. Júlio Cezar Santos
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ACRE – CBMAC
Cel. Antonio Carlos Marques Gundim
SECRETARIA DE ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL – SAI
Francisco Afonso Nepomuceno
SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO – SEPLAN
Márcio Veríssimo Carvalho Dantas
SECRETARIA DE ESTADO DE GESTÃO ADMINISTRATIVA – SGA
Sawana Leite de Sá Paulo Carvalho
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA – SEFAZ
Flora Valladares Coelho
SECRETARIA DE ESTADO DE COMUNICAÇÃO – SECOM
Andrea Laiana Coelho Zílio
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE – SESACRE
Francisco Armando de Figueiredo Melo
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO -SEE
Marco Antonio Brandão Lopes
SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTE
Shirley Maria da Silva Santos
SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA – SESP
Emylson Farias da Silva
SECRETARIA DE ESTADO DE POLÍCIA CIVIL – SEPC
Carlos Flávio Portela Richard
SECRETARIA DE ESTADO DE EXTENSÃO AGROFLORESTAL E PRODUÇÃO FAMILIAR – SEAPROF
Glenilson Araújo Figueiredo
SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL, DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DOS SERVIÇOS SUSTENTÁVEIS – SEDENS
Sebastião Fernando Ferreira Lima
SECRETARIA DE ESTADO DE AGROPECUÁRIA – SEAP
José Carlos Reis da Silva
SECRETARIA DE ESTADO DE PEQUENOS NEGÓCIOS – SEPN
Henry Nogueira
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE – SEMA
Carlos Edegard de Deus
SECRETARIA DE ESTADO DE TURISMO E LAZER – SETUL
Raquel Araújo Moreira Lopes
SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL – SEDS
Gabriel Maia Gelpke
DEP. ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR – PROCON
Diego Rodrigues
SECRETARIA DE ESTADO DE DIREITOS HUMANOS – SEJUDH
Nilson Moura Leite Mourão
SECRETARIA DE ESTADO DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES – SEPMULHERES
Maria da Conceição Maia de Oliveira (Concita Maia)
SECRETARIA DE ESTADO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL – SEHAB
Jamyl Asfury
SECRETARIA DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E OBRAS PÚBLICAS – SEOP
Leonardo Neder de Faro Freire
DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM, INFRAESTRUTURA HIDROVIÁRIA E AEROPORTUÁRIA DO ACRE – DERACRE
Ocírodo de Oliveira Júnior
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE PAVIMENTAÇÃO E SANEAMENTO – DEPASA
Edvaldo Soares de Magalhães
INSTITUTO DOM MOACYR GRECHI – IDM
Rita Paro
INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE DO ACRE – IMAC
Pedro Luiz Longo
INSTITUTO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS E REGULAÇÃO DE SERVIÇOS AMBIENTAIS – IMC
Magaly da Fonseca e Silva Taveira Medeiros
INSTITUTO DE TERRAS DO ACRE – ITERACRE
Janaina Guedes Dourado
INSTITUTO DE DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL DO ESTADO DO ACRE – IDAF
Mamed Dankar Neto
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO – DETRAN
Gemil Salim de Abreu Junior
INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA DO ACRE – IAPEN
Martin Hessel
INSTITUTO SÓCIO EDUCATIVO DO ACRE – ISE
Rafael Almeida
FUNDAÇÃO DE CULTURA E COMUNICAÇÃO ELIAS MANSOUR – FEM
Karla Kristina Oliveira Martins
EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO ESTADO DO ACRE – EMATER
Idésio Luiz Francke

domingo, 14 de dezembro de 2014

O PSDB virou um partido golpista?

Se a direção histórica e nacional do PSDB se move contra a democracia, que a democracia brasileira se ponha em movimento contra o PSDB.

Arquivo

 Se for correto o juízo que se expõe e se documenta neste artigo, estamos diante do maior desafio posto à democracia brasileira desde que se completou a transição da ditadura militar através da aprovação da Constituição de 1988. A passagem do PSDB  de um partido que busca a maioria nas urnas para um partido golpista mexe com o centro do sistema partidário brasileiro, pelas forças que representa, organiza e mobiliza. É diverso do impeachment de Collor, que foi desde sempre um outsider do sistema partidário que estruturava a democracia brasileira.

É exatamente pela gravidade deste juízo, que o autor deste artigo adiou por vezes a sua escrita. Mas já não é mais possível evitá-lo, contorná-lo ou mesmo  adiá-lo. Pelo contrário, é preciso que este juízo se torne consciência prática para as forças políticas da democracia brasileira que são capazes, temos a certeza, de evitar o golpe.

É preciso, em primeiro lugar, qualificar o juízo. Embora tenham partilhado atos e manifestações públicas com setores (inclusive do próprio PSDB mas não representativas das posições do partido) que defendem abertamente um golpe militar, as principais lideranças do PSDB já reiteraram seguidas vezes, em tom inequívoco e enfático, que não defendem tal solução. Mas que tenha sido necessário que tenham vindo a público desmentir tal hipótese é um sintoma que denuncia o caminho alternativo  proposto para o golpe.

Este caminho seria o de criar um clima público de afirmação político-midiática da ilegitimidade do segundo governo Dilma, possibilitando uma manobra judicial de contestação da sua legalidade através de setores da Polícia Federal e do Judiciário que são claramente instrumentalizados pela direção nacional do PSDB.

Em segundo lugar, seria necessário afirmar que  esta diretiva golpista que parece  claramente dominante  na direção nacional do PSDB, expressa por sua maior liderança histórica (FHC) e apoiada por suas mais expressivas lideranças nacionais, Aécio e Serra, não parece ainda coesionar a maior liderança pública eleita pelo PSDB em 2014, o governador reeleito de São Paulo, Alckmin. Mas nada impede que ela mesma, no momento oportuno, caminhe na mesma direção.

Em terceiro lugar, este juízo identifica uma vontade estratégica em ação do PSDB que não formou ainda as condições de sua viabilização. Entre esta vontade estratégica  e seu objetivo de desestabilização de um governo democrático  há ainda muitos e profundos obstáculos – de legitimidade pública, de cooptação instrumental, de superação  de hesitações em relação a um pedido de impeachment – a serem cumpridos.  Mas, em um plano estratégico como o que vem sendo claramente construído,  a superação destes obstáculos pode procurar  se acelerar e se concentrar em uma conjuntura artificialmente criada. 

A retórica do golpe

 Se Aécio é quem teatraliza a cena do golpe, é preciso entender que a peça vem sendo escrita por Fernando Henrique Cardoso. Até o seu juízo mais agressivo – o de caracterizar o PT como uma organização criminosa – não é propriamente seu, mas de FHC.  Este vem caracterizando desde 2005 o governo nacional do PT como “neo-patrimonialista”, isto é, que faz apropriação ilegal e ilegítima de recursos do Estado brasileiro.  Ou na linguagem criminalística que se tornou jurisprudência no mal  chamado  “ mensalão”, os dirigentes do PT  chefiariam uma “organização criminosa”.  E se Aécio e Serra falam hoje a mesma linguagem política, é porque eles estão sob uma liderança comum.

No princípio de 2005, o cientista político mais longevo e perceptivo dos rumos da democracia brasileira, Wanderley Guilherme dos Santos, anotou em sua análise de conjuntura que FHC  mudara de tom, estava então falando a “linguagem dos jagunços”, que era necessário “sangrar até a morte” o governo Lula. Logo depois, viria a crise do mal chamado “mensalão”. Agora, em plena conjuntura do mal chamado “petrolão”, seria necessário registrar a irrupção da nova retórica golpista.
 
Esta retórica golpista passa por três movimentos coerentes. O primeiro deles é o de afirmar a ilegitimidade do segundo governo Dilma ,  a sua “quase ilegitimidade”, a sua “discutível legitimidade”. Dilma teria sido eleita por uma reduzida margem de votos, o seu voto vem dos “setores menos dinâmicos do país e que mais dependem do governo”, “metade do país” não votou nela, como escreve FHC em O Estado de S. Paulo, de 7 de dezembro.  Esta mesma retórica, aliás, de um país dividido aparece sintomaticamente  na fala do juiz Moro em seu anúncio dos primeiros resultados da Operação Lava Jato, no dia 14 de novembro: 
 
"As chamadas provenientes de duas das principais autoridades do país, localizadas em campos políticos opostos, confirmam a necessidade de resposta institucional imediata para interromper o ciclo delitivo descoberto pelas investigações criminais tornando inevitável o remédio amargo, isto é, a prisão preventiva”.
 
Ora, dr. Moro: seria correto dizer, ao invés, que existe uma presidente do país, a maior autoridade, a presidente em exercício e reeleita, e um senador, líder da minoria no Senado e que foi derrotado nas eleições!

O segundo movimento é o de acenar com um cenário provável de ingovernabilidade política, no qual se justificaria o recurso à judicialização, isto é, à resolução da ingovernabilidade por uma decisão técnica do Judiciário. Esta alternativa é três vezes referida no discurso pronunciado por FHC no dia 26 de novembro na Academia Brasileira de Letras: Dilma pode “enfrentar um tremendo problema político” e até a “judicialização de decisões importantes porque não tem condições efetivas de hegemonia no Congresso”; “se a situação social e econômica se agravar, é possível que a saída seja a judicialização das decisões”;  “dada a situação política e o constrangimento para mudar esta situação, não é de estranhar-se que no Brasil a solução para o imbróglio político não venha a partir do sistema político mas do sistema judicial”.  O artigo já citado em O Estado de S. Paulo, do dia 7 de dezembro, conclui-se no mesmo tom: “Tomara não sejam os juízes os únicos a purgar nossos males, como ocorreu na Itália, até porque no exemplo citado o resultado posterior, a eleição de um demagogo como Berlusconi, não foi promissor.”

O terceiro movimento desta retórica golpista  é o de prescrever uma linha agressiva, frontal, no limite sempre da produção da deslegitimação e da ingovernabilidade para a atuação das oposições. No artigo de O Estado de S. Paulo, FHC  chama a oposição às falas; ”O “petrolão” será uma ventania ou um tufão a derrubar as muralhas do governo e da “base aliada”? E a oposição, ela se oporá ou embarcará no tecnicismo e na boa vontade à espera que o “mercado” sobretudo o financeiro, se acalme e tudo volte à moda antiga!” Entenda-se: “ a moda antiga” é a existência de um governo democrático e uma oposição que trabalha para ser vitoriosa em outro turno eleitoral. Aécio entendeu o recado; diz que não está disposto a recuar um milímetro do seu novo personagem selvagem de oposição. E é Serra quem diz, no ato pelo impeachment de Dilma realizado em São Paulo  no dia 6 de dezembro: “Nossa luta será longa, não é coisa de uma semana, de um mês, mas irá adiante...” Isto é, não se trata mais de anos, de  disputar em 2018?

Então, vale tudo: quatro dias após as eleições, o PSDB pediu, através do seu Coordenador Jurídico Nacional, Carlos Sampaio, uma “auditoria especial” do resultado das eleições presidenciais; depois, encaminhou ao STF um pedido de suspensão da tramitação do PLN 36, que alterava legalmente o superávit primário, ao mesmo tempo em que Aécio pronunciava-se publicamente pela impugnação da presidente Dilma por crime de responsabilidade; enquanto isso,  o PSDB promovia atos de violência no Congresso Nacional para impedir a votação da emenda  na qual sabia ser minoritário. No dia 29 de novembro, o PSDB requereu a rejeição das contas da campanha de Dilma, o que poderia levar à cassação da presidente eleita por abuso de poder econômico. O Ministério Público Eleitoral  recomendou, no entanto, a rejeição do requerimento do PSDB.

A estratégia do golpe

“A melhor maneira de acabar com a corrupção no Brasil é tirar o PT do governo”: a fórmula propagandística simples  expressou a principal intervenção de Aécio no último debate televisivo do segundo turno das eleições, na Rede Globo. Ela servia tanto para vencer as eleições ( como esperava a direção nacional do  PSDB) como pode servir  hoje para derrubar um governo democraticamente eleito.

Hoje, não pode haver uma alma tão ingênua no Brasil que possa acreditar ser mera coincidência a deflagração da operação de combate à corrupção na Petrobrás com o calendário eleitoral de 2014, em seus momentos mais decisivos. São tantas as correlações entre esta operação da Polícia Federal e a inteligência estratégica do PSDB que a negação desta hipótese, com o que já se conhece, soaria absurda.

A começar pela estranha leniência ou aprazamento ou adiamento ou prescrição de prazo de imputabilidade para um sem número de escândalos de corrupção, com denúncias fartamente documentadas, que  atingiriam lideranças do PSDB?  Mas, suponhamos por um momento, que foi mera e extraordinária coincidência  que o calendário técnico das investigações de corrupção na Petrobrás pela PF do Paraná  tenha coincidido exatamente com as eleições de 2014.

Como interpretar, então,  a calúnia estampada por Veja  às vésperas do segundo turno, acusando através de um suposto depoimento de Youssef  Dilma e Lula de saberem da corrupção que se praticava na Petrobrás? A antecipação da saída da revista para quinta-feira, com prazo maior para incidir nas tendências de voto, sincronizou-se com o ato público convocado na rede para quarta-feira à noite por FHC e Aécio  para “livrar o Brasil da sujeira da corrupção”.  Já foi documentado que quem espalhou o boato da morte de Youssef foi o líder do PSDB na Assembléia Legislativa do Paraná, assim como o PSDB  fez ampla panfletagem da revista até o dia das eleições, mesmo após a sua condenação pelo TSE.

Logo em seguida tomou-se conhecimento que o coordenador das ações da Polícia Federal na Operação Lava Jato, assim como vários dos agentes de direção envolvidos, não só são apoiadores do PSDB, como  estampavam na internet  termos ofensivos ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma, como apoiavam entusiasmadamente Aécio para presidente. Agora, se sabe também que a mulher do juiz Moro é assessora do vice-governador do Paraná, do PSDB. E que o advogado de Youssef  ocupou também cargo importante no governo do PSDB no estado!

O  que foi um crime eleitoral gravíssimo - o vazamento de informações de depoimentos de autos de delação sob segredo de justiça – passou a ser o cotidiano do processo de investigação. Mas sempre ou quase sempre, seletivamente, atingindo lideranças do PT, como o senador Humberto Costa, a ex-ministra Gleisi Hoffmann e agora o tesoureiro do PT, João Vaccari. E sempre para os mesmos jornais ou revistas que fazem oposição sistemática e difamatória ao governo Dilma.

E, para concluir, por um procedimento extraordinário do presidente do TSE, Tóffoli, o mais tucano dos membros do STF, Gilmar Mendes, é sorteado, por duas vezes, para ser o relator das contas de campanha da presidente Dilma. Na semana que antecede o seu “imparcial” juízo sobre a legalidade destas contas, a mídia tucana converge para a notícia, artificialmente formulada de que a propina de um empresário à Petrobrás teria se dirigido à campanha de Dilma,  através de uma “doação legal de recursos” à tesouraria do PT.

As correlações entre o PSDB e este processo de investigação são tantas e tão fartas e tão documentadas que não é possível evitar o juízo: a “judicialização” da crise de legitimidade do recém eleito governo Dilma, como prescreve FHC,   está em curso por uma escandalosa  instrumentalização partidária dos órgãos que deveriam mais zelar pelos critérios republicanos de Estado.

A estratégia do PSDB certamente aguarda o juízo de Gilmar Mendes sobre as contas da campanha de Dilma ou a divulgação dos nomes dos políticos denunciados como envolvidos na corrupção da Petrobrás para entrar em um tempo de convergência e catalização.

Um PSDB golpista?

A transformação do PSDB de um partido de oposição neoliberal radical em  um partido golpista significa uma mudança de qualidade mais do que um mero aprofundamento de uma dinâmica e só pode ser entendida em uma perspectiva histórica.

De novo, coube a Wanderley Guilherme dos Santos já nos anos noventa flagrar uma tendência programática contra-majoritária do PSDB  em suas propostas de “reforma política”. A derrubada da obrigatoriedade do voto nas eleições, a adoção do distrital ao invés do sistema representativo,  a recusa ao veto ao financiamento empresarial das campanhas eleitorais, a adoção de cláusulas de barreira altas  em nome da governabilidade, a defesa da judicialização da política apontavam para um padrão de democracia tipificada pelo padrão norte-americano. Neste, o princípio da vontade das maiorias  é sucessivamente “quebrado”: votam menos de 50 % para presidente, menos de 40 % para o Congresso Nacional, menos de 30 % para governos estaduais. A eleição dos representantes é distrital, o financiamento empresarial cada vez maior e incontrolado, o pluralismo restrito, a judicialização cada vez maior.

Sem ter força parlamentar para imprimir a direção de uma reforma política nos anos FHC, o PSDB viu-se na oposição nacional desde 2002. Ao que tudo indica, desde a conjuntura de 2005 passou a operar instrumentalmente  com o aparelho judicial e policial do Estado para interferir de forma decisiva na dinâmica da disputa nacional majoritária do voto, sempre com a cobertura política-midiática das principais empresas de comunicação do país.

Ao que tudo indica, esta opção culminou na estratégia  do segundo turno de 2014 que foi, de fato, preparada  claramente desde 2011. Tratava-se, diante da falta de popularidade de um programa claramente neoliberal, de relegitimar a presença do PSDB através do uso concentrado do anti-petismo, formulando o que Aécio chamou já em 2011 de “mutirão das oposições”: um pluralismo alargado de candidatura de oposições no primeiro turno deveria convergir para a candidatura de Aécio em um segundo turno. Esta estratégia, como já se demonstrou, baseava-se numa radicalização e internacionalização do programa neoliberal do PSDB e na criação, através de um esforço midiático ampliado, do  anti-petismo em todas as esferas da vida social, disseminando preconceitos e intolerâncias.

Diante da quarta derrota eleitoral nacional em 2014 e com a dramática diminuição do horizonte das possibilidades de vitória em 2018 – com as possibilidades abertas ao governo Dilma e uma possível candidatura Lula - , o PSDB, então, parece aprofundar qualitativamente agora a sua identidade liberal-conservadora. Já atua em frente com setores que devem ser publicamente nomeados como proto-fascistas ou de ultra-direita, repetindo aqui um fenômeno hoje político-cultural  cosmopolita muito frequente no liberalismo conservador norte-americano e europeu.

Para esta identidade política liberal-conservadora, a judicialização instrumental da democracia é um recurso legítimo. Em junho de  2012, em entrevista em Washington, FHC  julgou legítimo o impeachment do presidente Lugo do Paraguai, ao contrário do juízo das principais lideranças do Mercosul.  O golpe sequer “arranhou a Constituição do país”, segundo ele.  O fato do impeachment  ter se realizado em 30 horas, com apenas 4 horas para a preparação da defesa do mandato do presidente eleito, deveria para FHC ser julgado pela Justiça do Paraguai ( favorável ao golpe).

A democracia contra o PSDB

Se este juízo está correto – o de que a direção histórica e nacional do PSDB está mudando a sua identidade e estratégia, passando de uma “guerra de posição” a uma “guerra de movimento” - , deveriam ser evitados dois erros simétricos.

O primeiro deles seria a estratégia do “esfriamento”, isto é, supor que apenas  um trabalho de mediação e interlocução institucional seja suficiente para retornar à normalidade governo/ oposição. Há uma vontade de desestabilização estratégica em curso que está forçando os seus espaços de legitimação para além da institucionalidade democrática e constitucional  e  que não será paralisada ou isolada  por procedimentos ou acordos. 

O segundo erro seria o de adotar uma estratégia de confrontação apenas confinada a uma polaridade  governo/oposição, “pobres” versus “ricos, ou de corte classista, ou que tenda a reproduzir meramente as polaridades ideológicas esquerda/direita. Estas dimensões precisam ser  conduzidas a uma dimensão agora hegemônica. O governo eleito representa as forças da maioria democrática e se pretende tornar-se hegemônico, ser capaz de definir a agenda, produzir governabilidade política e econômica, aprofundar o sentido republicano e democrática da experiência de transformação do país.

Se a direção histórica e nacional do PSDB se move contra a democracia, que a democracia brasileira – com a sua consciência acumulada, suas lideranças e suas bases políticas e sociais -  se ponha em movimento contra o PSDB. Que este partido seja isolado e tenha sua legitimidade  derrotada  ao ponto de perder totalmente a sua capacidade de desestabilização da democracia brasileira.

Isto pode ser construído com dois movimentos simultâneos: um, que retire base de legitimação econômica e política institucional para o movimento de desestabilização do PSDB  através da interlocução e pactação e outro que ponha em movimento público  a base política e social majoritária que reelegeu a presidente Dilma. O que os une é a defesa republicana da democracia brasileira e do programa eleito em 2014. Se o governo Dilma é o principal protagonista do primeiro movimento – que se confunde com a instalação de novas bases de sua governabilidade -, o PT eos movimentos sociais  devem  ser os  principais  protagonistas  do segundo movimento,  que retoma as ruas, as redes e a comunicação pública para a agenda das mudanças vitoriosas em 2014.

Não deixa de ser impressionante que a pesquisa Datafolha, publicada neste 7 de dezembro, traga Dilma com 42 % de aprovação ótimo/bom, 46 % de opinião de que o seu governo é o que mais combate à corrupção ( contra apenas 4 % de FHC) e que, apesar de um mês de um bombardeio diário de notícias negativas e distorcidas, apenas 43 % julguem que a presidenta tenha muita responsabilidade sobre a corrupção na Petrobrás. E que 50 % tenham uma expectativa  de que ela tenha um desempenho “ótimo/bom” antes da posse. Apenas 21 % têm uma expectativa “péssimo/ruim”.

As cerimônias públicas de posse de  Dilma Roussef em seu segundo mandato  deveriam  ser já vistas como a expressão possível e  articulada destes dois movimentos combinados, na institucionalidade, na comunicação pública e na sociedade democrática brasileira. É preciso e é claramente possível construir desde já a saída do cenário da desestabilização potencial e iniciar um novo e promissor ciclo de esperanças políticas na transformação do Brasil.



Créditos da foto: Arquivo

Juarez Guimarãe

sábado, 13 de dezembro de 2014

CLIMA TRISTE REDE GLOBO EM LUTO!

Um dos mais conhecidos e repeitados jornalistas do Brasil, o comentarista da Rede Globo, Alexandre Garcia, está passando por um delicado momento em sua vida pessoal.
Gustavo Nunes Garcia, filho do jornalista com uma arquiteta, foi encontrado morto na madrugada deste domingo (23), em Brasília.
Aos 27 anos, ele estava sem vida no Bloco C, onde morava com a mãe. Ainda não existem informações concretas sobre o caso, já que Gustavo era um garoto muito discreto, segundo depoimentos preliminares.
De acordo com a revista Veja, um inquérito foi aberto para investigar as causas da morte. A Polícia Militar do Distrito Federal trabalha com a hipótese de suicídio, já que Gustavo não teria saído de casa.
O rapaz morava com a mãe na Asa Norte da capital federal. O velório e o sepultamento aconteceram na tarde de ontem, em Brasília, e foi reservado apenas para a família.
Por conta desta perda, Alexandre Garcia ganhou alguns dias de folga da Globo para se recuperar.
Além disso, ele não fará os comentários semanais que são distribuídos para rádios de todo o país, em estados como Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.

ENTRE DUAS EQUIPE BOA, APENAS UMA SAI VENCEDORA.

Quero primeiramente parabenizar a equipe do Verona pela classificação e contar um pouco da história do Rivera no Campeonato Estadual
Faltando pouco menos de uma semana para o início do Campeonato Estadual conheci o Jadson (Patoca), me deparei com um cara esforçado, determinado e apaixonado pelo Rivera, porém perdido e sozinho. Quando o Patoca me procurou queria apenas um jogo de camisas para jogar o Campeonato Estadual, aí perguntei: Quando começa o Campeonato? Ele me respondeu: Semana quem vem, imaginei: Um time de 1ª Divisão não pode ficar fora do Campeonato Estadual por falta um uniforme de jogo, procuramos ajuda do Secretário de Promoção Social, o Príncipe, sem pensar ele nos respondeu: Sim, vamos ajudar, o uniforme eu garanto com dinheiro do meu bolso. Quem assistiu aos jogos do Campeonato Estadual pode observar que o nosso uniforme de jogo era o mais simples de todas as equipes que participaram desse Campeonato. Uniforme resolvido, o Patoca me convida para ficar a frente do Rivera, lhe respondi que tinha meu trabalho e minhas obrigações e não poderia ficar o tempo integral a disposição do Rivera, mas que iria ajudar de todas as maneiras que estivessem ao meu alcance. Fechado o acordo, o Patoca me pergunta: Quando posso lhe apresentar ao restante do elenco?, eu lhe respondi: Já? Tem que ser hoje?, ele me respondeu: Podio, o Campeonato tá em cima, não tem mais tempo, respondi: Ok, vamos lá. Quando cheguei no ginásio fui apresentado aos jogadores, observei alguns jogadores desconfiados, aí comentei com o Patoca: Se eu entrar num projeto vou me dedicar de corpo e alma, é assim que eu faço na minha vida e aonde eu trabalho. 
Primeiro Jogo do Campeonato, nossa estréia, Rivera x Verona, quando entrei no vestiário percebi que os jogadores estavam com muita vontade de ganhar, porem ansiosos, resultado: perdemos de 5 a 2, as notícias entre os jornalistas, blogueiros e todos os amantes do futebol Tarauacaense, era que o Rivera ia cair para a 2ª Divisão, lembro-me na noite daquele jogo consegui dormir depois das 5 da manhã. 
Não tinha mais temo a perder, pensei: Será que vou ficar a frente de um time e justo no meu primeiro ano vamos cair para 2ª Divisão?, algo tinha que ser feito, o elenco era bom, mas faltava algo, sou torcedor do Corinthians, quando se fala de sofrimento no futebol nenhum torcedor sofre mais que o corinthiano, não sei explicar, mais tudo pro Corinthians é mais difícil, voltando ao Rivera, não entendo de futebol, procurei alguém disposto a nos ajudar de alguma maneira, foi aí que conheci o Neto, passamos uma tarde conversando sobre futebol, as histórias dos times de Tarauacá, os jogos entre Pro-linnk x Verona, entre outros assuntos, o convidei para ser o técnico do Rivera, ele me disse que naquele momento estava ocupado, podia ajudar de uma outra maneira, mas não como técnico, abaixei minha cabeça e comecei a coça-la, pensei: Voltei a estaca zero, mas ele me deu uma esperança, disse pra eu procurar o Velho (Ely), não perguntei nada sobre o Velho, naquela altura do campeonato tudo era lucro. Liguei pro Velho, me apresentei e perguntei se ele tava disposto a comandar o elenco do Rivera? Ele me respondeu que o único empecilho seria o deslocamento para Rio Branco, por causa do seu emprego e sua residência, aí perguntei: Quanto o senhor vai me cobrar? Ele me respondeu: Só quero aonde dormir e o que comer, respondi: Só isso?, ele me respondeu: Somente e tenho outra pergunta, quais as pretensões do Rivera nesse Campeonato? Respondi: Não quero que o Rivera passe pela mesma situação do ano passado brigando pra não cair, o Rivera tem que brigar por títulos sempre, mas esse ano só quero permanecer na elite do Futsal Acreano, o Velho me respondeu: Então preciso de alguns jogadores, corremos atrás, aí entrou o Pisika, Dianine, Luiz Henrique, Cabeça e o Emérson, elenco fechado, o Emerson no primeiro treino escorrega sozinho e machuca o joelho, perdemos o nosso pivô para o resto do campeonato. 
Jogo entre Rivera x Atl. Xapuriense, a pressão era muito grande, jogávamos em casa, tínhamos que ganhar de qualquer maneira, saímos perdendo e depois empatamos, quando o jogo tava 3 x 3, o atacante do Atl. Xapuriense dribla nosso jogador e fica na cara do gol e chuta, o Igleisson fechou o ângulo e evitou o quarto gol deles, fizemos o quarto gol que nos tranqüilizou, fim de jogo: ganhamos de 6 x 3. 
Jogo entre Rivera x Murbanense, mais uma decisão, o Igleisson caí de moto machucando a perna ficando fora do jogo, entra o Zé Leite, antes da partida o chamei no canto e falei que a hora e momento dele tinha chegado, jogando mais uma vez em casa, falava-se muito no goleiro Deusdete, conhecido por sua elasticidade, fizemos um primeiro tempo perfeito, saímos no intervalo ganhando de 6 x 1, começando o segundo tempo fizemos 7 x 1, nosso time cochilou eles empataram o jogo em 7 x 7, o Velho pediu tempo, voltou pra quadra mais ligado e tomamos conta do placar de novo, final de jogo Rivera 9 x 6 Murbanense.
Depois daquela vitória nosso time se encheu de esperança e confiança, só dependíamos de nós mesmos, tínhamos 6 pontos na Tabela de Classificação, matematicamente a gente tava trabalhando para se classificar com 10 pontos, agora era nos preparar para os jogos fora de casa. Procurei o Prefeito Rodrigo Damasceno e ele se comprometeu em nos ajudar com o transporte nos jogos fora de Tarauacá, faltava a alimentação e a hospedagem, viajei antes pra tratar esses assuntos, tudo certo sobre a hospedagem, iríamos nos hospedar no Rio Branco Futebol Clube, na tarde quando os jogadores estavam na estrada a caminho de Rio Branco, recebo a noticia que não dava pra abrigar nossos atletas, sem tempo e dinheiro tive que apelar a um amigo, conseguimos um local em construção e alguns colchões para os jogadores dormirem.
Jogo entre Campo Grande x Rivera, Ginásio do SESI, muitos dos nossos jogadores estranharam o tamanho da quadra devido suas dimensões serem bem maiores que o Ruynet Lima de Matos, vamos pro jogo, primeiro tempo equilibrado, no final do primeiro tempo o Campo Grande faz 1 x 0, terminando o primeiro tempo com esse placar, no segundo tempo dominamos o jogo, tocávamos a bola e ele não entrava, nada dava certo naquele dia, com 16 minutos do 2º tempo o Velho adianta o goleiro e o usa como goleiro linha, aí veio o castigo, eles fizeram dois gols de cobertura praticamente sem goleiro, perdemos de 3 x 0, após esse jogo começaram os desentendimentos entre jogadores e comissão técnica. Viajamos para Sena Madureira com o grupo rachado.
Jogo entre Madureira x Rivera, chegamos na hora do jogo, confesso a vocês nunca vi uma torcida tão empolgada e entusiasmada com seu time, o clima no vestiário era de desconfiança e medo, pelas janelas do vestiário onde nossos atletas estavam se trocando atiraram garrafas com urina em nossos jogadores, era um verdadeira caldeirão, o ginásio lotado, não tinha espaço para os jogadores entrarem na quadra, não tinha lugar para sentar, vamos pro jogo, saímos perdendo de 1 x 0, quando eles fizeram o gol pensei que a arquibancada e o alambrado ia cair, o jogo tava pegando fogo, o Luiz Henrique faz a jogada e empata o jogo 1 x 1, a torcida silencia o ginásio, começamos a jogar melhor, tocar a bola, as nossas jogadas começaram a sair e começamos a perder um gol atrás do outro e quem não faz toma 2 x 1 Madureira, nosso time desandou, terminamos o primeiro tempo perdendo de 5 x 1, voltamos pro segundo tempo, o time do Madureira cansou e por incrível que pareça estávamos jogando um dia após o jogo contra o Campo Grande e nosso time não sentiu o cansaço, fizemos 5 x 2, 5 x 3, 5 x 4, íamos empatar o jogo a torcida tava louca, tenho certeza se nosso time empatasse aquele jogo os juízes não sairiam dali bem, aí tive o desprazer de conhecer o árbitro com o apelido de “Cebola”, começou a esfriar o jogo e inventar faltas para o Madureira, expulsando do nosso time o Van, o Adan, nosso treinador inconformado também foi expulso, perdemos de 6 x 4.
Voltando pra casa com duas derrotas, nossas chances de classificação eram menos de 1%, nossas chances de rebaixamento também eram pequenas, tínhamos que perder para o Villa com uma diferença de 9 gols, foi quando sentei com o Velho e falei: Professor a missão foi cumprida, nosso planejamento pra esse ano deu certo, acho que a gente não cai mais, o Velho me respondeu: A gente ainda vai classificar, você vai vê como o Rivera vai ta entre os quatro melhores times de Futsal do Acre, olhei pra ele e comecei achar graça, sinceramente eu não acreditava na classificação do Rivera, naquele momento não dependia só da gente, dependíamos de uma combinação de resultados, resumindo, o Villa que vinha perdendo pra todo mundo tinha que ganhar do Atl. Xapuriense, o Murbanense perder para o Madureira e o Verona ganhar do Campo Grande, dependíamos “apenas” desses três resultados, final da rodada, os três resultados vieram não acreditei quando o Velho me disse que o Villa tinha ganhado do Atl. Xapuriense, liguei para o Presidente da Federação pra confirmar, foi verdade Maurício, o Villa ganhou, bom, agora só depende da gente, vamos pra Rio Branco, Murbanense e Campo Grande jogam no mesmo dia, em Manoel Urbano o jogo começou mais cedo o Villa tava torcendo por uma vitória do Campo Grande sobre o Murbanense, o Campo Grande ganha o jogo, entramos em quadra já sabendo do resultado entre Murbanense x Campo Grande, já sabíamos que não cairíamos mais para a 2ª Divisão, o problema agora era o Villa que jogava pelo empate para permanecer na 1ª Divisão, vamos pra cima chegamos até aqui não vamos deixar essa oportunidade escapar, o jogo até uns 10 min. tava muito nervoso, abrimos 2 x 0, eles fizeram 2 x 1, nosso time se tranqüilizou e começou a tocar a bola, o Pisika tava correndo como um raio, o Buru tava tirando tudo, o Luiz Henrique tava com o pé calibrado, o Patoca não perdia uma no corpo, o Robson tirou um gol com o peito, o time tava focado, o Dianine acertando os passes precisos, quando numa disputa de uma jogada o Dianine da uma cotovelada no adversário recebendo o cartão vermelho, perdemos nosso maestro para o primeiro jogo da semi-final, final de jogo Villa 4 x 14 Rivera.
Estávamos classificados, Tarauacá estava em festa, na semi-final Verona x Rivera, Tarauacá estaria na final do Campeonato. Semi-final entre Verona x Rivera, para muitos não tinha favorito, mas era fato que o nosso time estava cansado e exausto, viajou mais que nosso adversário, isso iria afetar o rendimento de nossos jogadores, tínhamos do outro lado uma equipe que joga há muito tempo junta, um treinador que particularmente sou fã, Ed Carlos um grande estrategista, Mateus numa grande fase, e o Radames pra mim hoje o melhor jogador de Futsal do Acre, o nosso time dependia muito das jogadas individuais dos nossos jogadores. Nessa altura do campeonato eu tava feliz da vida, claro que queria mais, já que deixaram chegar, trouxemos o Célio pra reforçar na marcação, mais não tive fôlego pra trazer o tão sonhado jogador para a reta final, cheguei a conversar com ele, sua proposta foi razoável pelo futebol que comentam que ele joga, nunca o vi jogar, de 100 pessoas que pergunto se ele é bom, as 100 dizem que ele é o melhor na sua posição, sentei com a diretoria mas infelizmente não foi dessa vez que o “Buda” vestiu a camisa do Rivera. Perdemos as semi-finais, no estadual e no municipal para o mesmo adversário, como o Marcio André falou: lutamos pra não cair em 2013, lutamos para estar numa final em 2014 e tenho certeza que 2015 com planejamento e união o Rivera levantará vôos mais altos, muito obrigado a todos da família Rivera, vocês são vencedores e guerreiros.

Escrito por Mauricio Vasconcellos

João Rego vol 01

Rocha e Sibá fizeram debate epigramático sobre Petrolão

Exibido ontem (12) à noite, no SBT, através de sua afiliada na capital, a TV Rio Branco, o debate entre o deputado federal Sibá Machado (PT) e o deputado federal eleito, Major Rocha (PSDB) chegou a ter clima tenso, no primeiro bloco, quando o assunto da Operação Lava Jato foi citado. Judicialização e criminalização da política foram temas do debate que lembrou até o tempo de Pedro Alveres Cabral, a Carta Pero Vaz de Caminha, além das perspectivas para a formação do novo Congresso.
“O Congresso Nacional por subserviência e falta de coragem não fez as reformas que o Brasil precisa”, disse o Major Rocha.
“Quando isso sai do individual para contaminar os partidos políticos, ai está a judicialização e criminalização do processo político de maneira generalizada”, disse Sibá Machado ao analisar a crise na Petrobrás.
O clima começou a esquentar quando o deputado Major Rocha perguntou a Sibá Machado porque os escândalos do governo FHC não foram investigados nos 16 anos do PT no governo, já que Lula e Dilma sempre tiveram a maioria no Congresso.
“A Policia Federal era calada, Geraldo Crivero era engavetador oficial de Fernando Henrique Cardoso, não se investigava nada”, respondeu Sibá.
O deputado petista afirmou que há uma tendência no Brasil para se cassar um presidente metalúrgico. Ele nega que a corrupção no país tenha começado no governo Lula. Narciso Mendes, um dos mediadores ajudou: “a corrupção no país está presente desde Pedro Álvares Cabral, quando pediu em carta um emprego para o irmão”.
Osmir Lima fez várias intervenções no debate, uma delas, para criticar o modelo dos partidos que segundo o deputado constituinte “viraram uma espécie de franquia”. Osmir criticou a existência de 33 partidos. “Para se eleger hoje os partidos não tem mais programas, não tem mais ideologia, é tudo na base das finanças”, acrescentou.
Sibá voltou a se exaltar quando ele mesmo puxou o assunto sobre a Operação Lava Jato. Ao ser interrogado por Narciso Mendes se seu nome constava, ele respondeu: “Tá sim, eu não me escondo, está na minha prestação de contas”.
Sibá revelou que a Policia Federal informou que somente o PSOL não está entre os partidos denunciados pela Operação. Rocha lembrou que existem outros nomes que foram revelados pela delação premiada que ainda serão investigados.
“Eu peço dinheiro para o meu partido, o PT repassa pra mim. É legítimo. Recebi R$ 90 mil da Egemix, R$ 25 mil da Camargo Correia, mas é da contabilidade”.
Mas ainda Sibá, quem roubou dinheiro, quem colocou no bolso, devem ser investigados e responsabilizados. Os dois deputados convergiram quando o assunto foi o papel parlamentar a partir de 2015, ambos se comprometeram em defender reformas e recursos para o bem do Acre.
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Jairo Carioca - da redação de ac24horasRio Branco - Acre