quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Cruzeiro do Sul vive expectativa com a chegada de carregamento de hortifruti de Pucallpa




Uma batalha de meses da Assembleia Legislativa, em conjunto com empresários do Juruá está  prestes a acabar com um final feliz. Na tarde desta terça, 21, numa entrevista coletiva, o presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), ressaltou a abnegação e a paciência de funcionários da Receita Federal, Anvisa, Infraero, Polícia Federal e Ministério da Agricultura para que a operação se torne um sucesso. "Estamos tendo que contar com a compreensão desses órgãos através de servidores públicos que fizeram esforços pessoais para que a operação pudesse ocorrer,"disse.
Maior articulador e entusiasta da integração entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa, Edvaldo Magalhães, destacou também o papel dos comerciantes da região. "São empresas e empresários apostando em algo que não têm certeza que vai dar certo. Eles estão correndo riscos, mas acreditando na importância do processo de integração para o desenvolvimento do Juruá e do Acre, "destacou. O parlamentar também salientou os esforços para superar as dificuldades.  "É importante que a importação aconteça para que as coisas institucionais tenham credibilidade. Não adianta fazer movimento de integração assinando documentos de intenção porque as pessoas querem ver as coisas concretizadas. O que estamos fazendo vai além da questão de diminuir os preços dos produtos. Vamos promover uma integração cultural e educacional entre os povos ,"falou.

Transformação da economia do Juruá
É unânime entre a população de Cruzeiro do Sul que a abertura dos caminhos aéreo, terrestre e fluvial para o Peru poderá mudar a economia regional. "A região está bem localizada geograficamente e pode ser uma porta de integração dos 1200 KM até o Pacífico. Um caminho mais curto significa fretes mais baratos. Aqui temos uma população, entre todos os municípios, de 200 mil habitantes que teriam acesso a um mercado de mais de 12 milhões de pessoas. Será um salto civilizatório para um povo que transformou o seu isolamento em ousadia para se conectar com o resto do mundo. É preciso que se aprenda raciocinar não pensando apenas em Rio Branco, Manaus ou São Paulo. Mas contemplando as muitas possibilidades de negócios que podem ser realizadas a um pouco mais de uma hora de voo com Lima e, a partir dali, com o resto do Planeta utilizando as rotas do Oceano Pacífico, "explicou Magalhães.
Edvaldo rebateu as críticas de algumas pessoas que não acreditam no processo de integração. "As vezes não se dá a importância que tem um vôo com verduras. Nós não estamos aqui discutindo tomates, mas o futuro. Quem conseguir olhar um palmo à frente do nariz vai entender que estamos construindo o futuro de uma região que passou anos assolada pelo isolamento,"ironizou.

Produtos mais baratos para a população
O presidente da Associação Comercial do Alto Juruá, Marco Venício, elogiou a iniciativa política associada à comercial. "Essa integração não se limita ao comércio, mas a relação entre as pessoas dos dois países. A chegada desse avião [o avião já está em Pucallpa] é um primeiro passo para que no ano que vem possamos ter um fluxo constante de abastecimento alimentar na região. O objetivo de todo esse esforço tanto dos políticos quanto dos órgãos envolvidos na operação é para que os produtos cheguem mais baratos aos nossos consumidores. A demora que ocorreu com os obstáculos está virando uma agonia. Mas no final  vai dar tudo certo", aposta.
Praticamente todos os grandes comerciantes de Cruzeiro do Sul estão envolvidos no processo integratório. Para Francisco Santos, mais conhecido como Zinho, a expectativa gerada por todo esse processo é muito grande. "Esse movimento será a porta de entrada para muitos outros produtos. Frutas, verduras e legumes são só o básico para a nossa cidade. Mas com certeza o aeroporto estando alfandegado com sistema de fiscalização vamos ter suporte para que voos como esse aconteçam com regularidade para que possamos trazer também outros produtos de interesse da região,"afirmou.
O dono de um dos maiores supermercados do Juruá, Assem Cameli, também pensa em outras possibilidades de importação. "Estamos interessados em vários itens como o cimento e a pedra para construção, o calcário para ampliarmos a nossa agricultura e os produtos do mar,"disse o empresário. Assem revelou que atualmente o preço do tomate nos seus estabelecimentos custa cerca de R$ 8 o quilo.  "Com a chegada dos produtos peruanos poderemos ter uma redução de cerca de 50% na maioria. Mas para alguns a redução pode ser ainda maior dando uma acessibilidade aos nossos clientes bem maior,"salientou.
O empresário Abraão Candido, um dos pioneiros no comércio com o Peru, nos anos 80, também acredita nos resultados positivos de toda a iniciativa de integração.  "Há muito tempo que a gente almeja que isso aconteça. No tempo do ex-senador Aloisio Bezerra se deu início a esse processo, mas não foi à frente porque as autoridades do Brasil não tiveram muito interesse. Agora, apareceu o Edvaldo Magalhães que tem se empenhado. Inclusive, recebemos de Natal a rodovia entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa que o presidente Lula (PT) assinou a intenção de construí-la quando estivemos recentemente em Lima. Na realidade nem fomos com essa intenção. Nós fomos pedir para fazer os estudos da rodovia, mas como é o jeito do Lula, passou a caneta e autorizou. Acho que Cruzeiro do Sul tem três vias de transporte que nos conecta com o Peru para fazermos comércio vantajoso, a fluvial, a aérea, e a rodoviária que deve sair o quanto antes,"apregoou. Quanto à redução do preço dos produtos para o consumidor, Abraão explicou que os problemas enfrentados nessa primeira importação acabaram encarecendo o frete. " Há alguns problemas porque o avião do Peru não pode vir e foi preciso fretar um em Manaus. Isso encareceu um pouco mais o frete. Mas mesmo assim vai cair bastante o preço dos produtos,"finalizou. 
Vôo -  o avião cargueiro está na pista do aeroporto de Pucallpa e deve chegar a Cruzeiro do Sul nas próximas horas.
Agência Aleac

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