sábado, 13 de março de 2021

Consultorias atualizam projeções por conta do PIB menor, moeda mais fraca, inflação e Selic em alta


Levantamento destaca que os economistas apostam em inflação e taxa de juros mais maiores
Publicado 32 segundos atrás

em 13/03/2021

A incerteza gerada pelo novo cenário político, com a possibilidade de o ex-presidente Lula se candidatar e o risco de o presidente Jair Bolsonaro adotar uma agenda mais populista para ganhar popularidade até 2022, que se soma a um cenário já conturbado na economia, já fez consultorias e corretoras reverem suas projeções macroeconômicas para este ano e para o próximo.

Levantamento do Estadão destaca que os economistas apostam em inflação e taxa de juros mais altos, real mais desvalorizado e PIB mais fraco em 2022.

Para se ter ideia, a XP Investimentos divulgou relatório dia 10 destacando que espera agora o dólar em R$ 5,30 ao final do ano, ante previsão passada de R$ 4,90.

Já com o câmbio mais depreciado, além das commodities em alta, a expectativa é por maior pressão da inflação, o que leva a uma elevação da estimativa para Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 de 3,9% para 4,9%.

“No Brasil, a dinâmica da pandemia piorou, demandando medidas restritivas mais duras. Na economia, a troca de comando na Petrobras, a decisão de subsidiar preços de diesel e gás de cozinha e a tramitação da PEC emergencial sinalizam o risco de maior intervenção política. Já a decisão do Ministro [Edson] Fachin de suspender as condenações do ex-presidente Lula no âmbito da Lava-Jato tende a intensificar a polarização nas eleições de 2022”, afirmam os economistas.


Prédio do Ministério da Economia em Brasília
PIB

Os economistas consultados destacam a tramitação turbulenta da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Emergencial, com sugestões como a retirada do Bolsa Família do teto de gastos apoiadas pela base do governo enquanto que, na Câmara, Bolsonaro sinalizou intenção de diluir as contrapartidas. Assim, os prêmios de risco dos ativos brasileiros tendem a ser persistentemente mais elevados.

Com esse cenário, a avaliação é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reaja prontamente; desta forma, os analistas elevaram a projeção da taxa Selic para 5,0% no final deste ano, para garantir IPCA na meta de 3,50% em 2022.

A equipe de análise econômica da XP aponta ainda que o recrudescimento da pandemia, a volatilidade dos mercados, a incerteza política e elevação da Selic afetam a atividade, a despeito da nova rodada de auxílio emergencial. Com isso, reduziu a projeção de crescimento do PIB de 3,4% para 3,2% em 2021. Para 2022, a projeção passou de alta de 2,0% para 1,5%.
MB Associados

A MB Associados reajustou ontem suas estimativas para o IPCA deste ano, de 4% para 4,3%, e para a taxa básica de juros (Selic) em dezembro, de 4% para 5,5%. A consultoria também anunciou que deve rever a projeção do PIB de 2022 de 2,4% para abaixo de 2%.

“Temos dois candidatos com dificuldade de fazer gestão de política macroeconômica equilibrada. Bolsonaro está agora ainda mais impaciente para entregar algo para a população. Do lado do Lula, não o vejo fazendo uma Carta ao Povo Brasileiro. Não o vejo se aproximando do mercado. Ao contrário, a dificuldade em se relacionar com o mercado cresceu depois do impeachment da Dilma”, diz o economista-chefe da MB, Sérgio Vale.

Já a Necton Investimentos também revisou o IPCA, de 4,1% para 4,58%, e a Selic, de 4% para 5%. Segundo o economista-chefe da corretora, André Perfeito, o que deve pressionar mais inflação e juro, agora, é o comportamento do presidente Bolsonaro. Perfeito diz ver Bolsonaro em posição fragilizada, encurralado por diferentes atores políticos, e tendo de escolher quem serão seus aliados. Nessa situação, pode optar por medidas populistas para evitar perder sua popularidade entre, por exemplo, militares e servidores, se indispondo com o mercado. “Há um conjunto de pressões em torno do presidente, e a questão Lula é mais uma que o joga para uma situação de desconforto.”

Apesar de a consultoria LCA não ter mexido em suas projeções, seu economista-chefe, Braulio Borges, afirma que possivelmente terá de elevar a atual estimativa da Selic – hoje em 4,5%. Para o PIB deste ano, ele acha difícil haver um resultado inferior aos 3,2% que projeta hoje por causa do carrego estatístico (quando a base de comparação é baixa – o resultado médio do PIB em 2020 -, mas o ponto de partida é elevado por conta da recuperação ao longo do último semestre do ano). Borges admite, no entanto, que talvez tenha de rever para baixo o de 2022, atualmente em 3%.
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